“Partilho com Nemésio a ideia de que quando estamos longe o sentimento aperta — a tal açorianidade que nos liga à terra.”

JAUPA
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3 min readMar 2, 2017

O terceirense Diogo Parreira de 21 anos, tem já muitas ocupações, entre as quais, é Presidente da JADE Portugal e frequenta o Mestrado em Gestão na Católica Lisbon School of Business & Economics. Não obstante, não esquece as suas origens e tem vontade de levar para a ilha novos projetos.

Estou sentado a olhar para o mar. Logo por sorte nasci no meio de mar.

Podíamos começar assim qualquer carta de devoção às ilhas a meio Atlântico que tentasse expressar o que no fundo sentimos por ser filhos de ilhéus. Podíamos começar assim a nossa própria história… Terceirense de gema, partilho com Nemésio a ideia de que quando estamos longe o sentimento aperta — a tal açorianidade que nos liga à terra.

Diz-se que a Terceira é um estado de espírito.

O meu ser-se terceirense é por certo a alegria e entusiasmo de viver. É o cair, mas levantar-se com pujança — no mesmo espírito dos que pós 80 reconstruíram uma ilha totalmente abalada pelo grande sismo.

Tem uma calma inerente a quem nasce rodeado de verde e a ponderação de quem olha no horizonte e vê mar. E mais mar. O meu ser-se terceirense é assertivo como a constância dos valores quando mandámos os espanhóis dar uma volta (libertando touros, irónico). É curioso, como quem recebeu os quatro cantos do mundo numa mesma baía — culturas, hábitos e histórias de vida. O meu sentimento é firme — como a terra que foi Portugal sozinha e a cidade que foi capital de Portugal.

Diogo Parreira na Serra do Cume (ilha Terceira)

Faz 4 anos que me mudei para Lisboa. Licenciei-me em Gestão e continuo a estudar, desta feita o mestrado. Investi toda a minha inquietude em 2 coisas: no associativismo e no Movimento Júnior. Começando como colaborador, fui Presidente do Núcleo de Estudantes de Gestão; e consultor e Vice-Presidente da ISCTE Junior Consulting — fui além no movimento das Júnior Empresas e sou por agora o Presidente da JADE Portugal. Estar parado nunca foi uma opção. São estas experiências que nos ampliam horizontes e nos moldam as ideias que vamos querer prosseguir um dia mais tarde.

Diogo Parreira

Vejo o regresso a casa como natural embora sem data definida. Prevejo crescer ainda mais por Lisboa (e além) e angariar tanto conhecimento quanto possível. Vir para os Açores significará vir com ideias bem definidas e projetos concretos que ajudem a região a progredir.

Vejo o regresso a casa como natural embora sem data definida. Prevejo crescer ainda mais por Lisboa (e além) e angariar tanto conhecimento quanto possível. Vir para os Açores significará vir com ideias bem definidas e projetos concretos que ajudem a região a progredir.

Quando falamos nos Açores — entre pares, ou entre amigos (a típica conversa que começa ‘sabes quantas ilhas são?’ [à qual 95% responde todo o número que não 9]) — temos a tendência para desenhar o potencial; identificar os melhores recursos; refletir em tudo o que, como ilhas, podemos ser. O futuro dos Açores e da minha ilha tem encontrado desafios gigantes: a geoestratégia e potencial do mar; a ciência e investigação; o turismo de nicho e de aventura; os produtos de qualidade… Mas falta-nos ideias de concretização. Levamos um ritmo demasiado lento. O potencial tem de se converter em ação e a ação em resultados (ambiciosos). Acredito que a minha geração terá responsabilidades maiores neste empurrão que urge.

Vejo-me a trabalhar na cultura, quiçá um dos nossos maiores tesouros. Vejo-me cá para ajudar a trabalhar alguns dos tópicos e desafios. E, como açoriano de gema, a entregar um pouco de mim aos ilhéus onde cresci. Não se trata de um ‘quando’, mas de um ‘como’ e da dimensão de impacto que queremos ter.

O futuro em muito dependerá do alcance da nossa vontade. Havendo-a, tudo pode acontecer…

Haja saúde.

Diogo Parreira

/ odiogoparreira@gmail.com

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- Associação de Jovens Açorianos Unidos Pelos Açores