À noite, vamos buscar um norte?
Meu estado era mesmo crítico
Acometido por certo ceticismo
Tido como crônico, sem nenhum antecedente clínico
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Sentindo a fantasia
De um conforto cínico
O diagnóstico logo tratou de confirmar, saudade em demasia
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De tudo, dos planos
Dos desvarios plenos
E me trouxeram expectativas, propondo curas sem enganos
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Mas só teus lábios me eram críveis
Só teus seios me davam esperança
Apenas teus sussurros jogariam luz sobre alegrias invisíveis
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À noite, vamos buscar um norte?
Abandonar essas estrelas inertes?
Acreditar que o alívio que teu olhar traz é o melhor transporte?
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Chega dessas dores sem lastro
De sermos maestros de velhos receios
Vamos hastear amores, ainda que haja feridas em nosso mastro
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Parar de contar as cicatrizes
Conter lágrimas, atar sorrisos
Solucionar os medos surrados, até trocá-los por tempos felizes
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Teu ser me conduziu à cura
Sim, uma paixão à minha alma
Carinho intravenoso que drenou o medo e ministrou candura
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Sua saliva dispersou a azia
Agiu como delírios no sangue
Espécie de lírios colorindo a vida, mantendo viva aquela poesia
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O que era sério, deixou de ser
O que era esmero, assim continuou
Disseram ser mero acaso, mas eu sempre soube que havia você
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O veneno, enfim, evaporou
O que era cancro, não resistiu
E o que nos caçava, por fim, cedeu, uma febre que não mais queimou