Tem [a]mar que [l]ama

Yaisa, Ndaluuateme
Ensaios sobre a loucura
1 min readNov 5, 2018
Polly Nor

O corte é fundo
na superfície tão rasa
que acreditei ser universo
infindável
e sem miséria de amor,
onde o mergulho
quase resultava em correnteza
que me suga para o desconhecido
fundo do [a]mar.
Mar que não chega a sete palmos,
onde a água é tão densa
que areia movediça torna-se banho relaxante,
onde a lama é mais própria para o consumo,
e que os peixes preferem pular para terra firme.
Mergulhei por segundos
que me prenderam por uma eternidade
e ao invés de corpo limpo,
esse mar me trouxe peso nas costas
e cabeça baixa.
Nem todo [a]mar tem ondas que encantam.
Tem mar que nem tem onda,
tem mar mais denso que Mar Vermelho
que ao invés de te fazer boiar,
te afunda, te prende
te sucumbe,
sufoca.

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Yaisa, Ndaluuateme
Ensaios sobre a loucura

Fragmento de lava que surgiu no instante em que, em mim, o primeiro vulcão entrou em erupção. Minha poesia pode não ser muito fácil de engolir.