2020?2021!

Abigail Narame
Ensaios sobre a loucura

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O brilho é mais bonito
quando emerge da escuridão
suspenso feito poeira viva
explode explode explode
em profundo silêncio
em vasta solidão

A taça está na mão,
e a magia grita no fundo
mais recôndito da memória
o espectro daquela criança
que um dia chorou
quando sentiu a Distância,
entende agora a lógica
da repetição.

Há um mistério sondável
quando a terra vira completa
em torno de sua alma amarela:
um instante é compartilhado
entre milhões de corpos alheios,
que estão se perdendo
que estão se ganhando
que estão sempre esperando…

A taça está na mão,
uma brinde solitares amigues
ao que virá
porque o que há
não tem explicação
porque o que há
está contaminando
a respiração

Falta ar
Falta compaixão

Ao tempo que virá
trazendo nos trilhos frágeis da humanidade
uma nova canção
(dentro de um trem azul?)

A taça está na mão,
e as gotículas gaseificadas
sobem para a aglomeração…
É maldade ou apenas maldição?

Um brinde aos guerreiros de branco!
uma brinde aos cavaleiros clandestinos
entregando o seu sustento
e lutando contra o Grande Elemento!
Um brinde aos guerreiros mentais,
que viram mais
que três passos
a sua frente

Um brinde é pouco
é quase nada
diante da vida
que é doada
mas talvez essas palavras machucadas
façam, ao menos no papel,
jus morada.

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Abigail Narame
Ensaios sobre a loucura

“não sei quantas almas tenho, nunca me vi nem achei”