A complacência

Ensaio sobre a morte do ser

Danilo Araujo
Ensaios sobre a loucura
2 min readMar 8, 2019

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Onde predominam os anseios do inato, emerge uma força livre de ópios e colóquios

em desatino

  • Vozes ressoam…

Por calamidade compreendemos todo o espetáculo em destino proveniente do inócuo encontrado nos conflitos humanos. Tal qual todos chegamos, todos bem-vindos ao resplandecer dos organismos vivos como meros seres encobertos pela necessidade de se proteger em castas contra outros de mesma espécie.

  • Insegurança, medo, ódio, ilusão, ceticismo.

Nos afogamos em osteas cognitivas de caráter único sendo colapsados dentro de nossos próprios fluxos desejantes...propusemos relances de alto teor enfático para a vivência da vida corrente e fomos rasgados por todas as tentativas de superação do ser envenenado.

  • Envenenados todos, todos esgotados.

O preponderante esgotamento do ser ocorre em paralelo com a desintegração das estruturas organizacionais. A metamorfose da podridão pelo qual passam os casulos humanos isola os filhos do amanhã no exato momento em que colide com os processos semióticos do macro mundo, ferindo e enfraquecendo almas. O estado de conflito permeia todo o ódio replicado a raça como espécime detentora das relações de poder.

  • Ressurgimento

De repente em um grande estalo me aparecem aqueles toques de envolvimento com a serenidade de ser em retroceder nos cânones da esfera evolutiva. Cada ser que se despreza, sumariamente se ama, temporariamente entra em desarranjo, monta-se em subalternização, organiza hierarquias.

A separação do homem e sua individualidade resulta na intensificação dos medos compartilhados, no desaparecimento de toda e qualquer inovação em caráter de consciência como ação. Todos compelidos pelo magnetismo cinético do poder. Estamos aglomerados no desgaste, respirando em máquinas de desesperança, rangendo nossos corpos no chão de madeira, desativando nossas potências...

Perante a magnânima vulnerabilidade de nossos corpos eis que pequenos caminhos se cruzam e esforçam sua fala ruída para expressar o horror que é sentir todos os órgãos desmantelados pelas redes de absorção universais.

Evaporam-se os ritos de fumaça compilados no sistema nervoso central dos corpos em andamento.

Uma recorrência de atos putrefatos e egoístas onde todos os valores se perdem em meio a mentiras que docilizam a face do controle.

Tensionados, a última peça do quebra cabeças ressoa em nome de todas as vozes cíclicas suspirando ondas de dor e entorpecimento por meio de sussurros supra humanos relativizando nossos sistemas dopaminérgicos em irrigado encrudescimento.

Somos isso.

O estágio final da mutação
O póstumo término da vida.

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Danilo Araujo
Ensaios sobre a loucura

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