A comunicação social (mídia) em tempos de pandemia
Não me lembro direito da última pandemia que vivenciei. Só lembro que foi a gripe suína, no final dos anos 2000, com direito a semanas de aulas suspensas, que seriam repostas aos sábados, uma vez que a situação se normalizasse.
Na ocasião, eu com meus 12 ou 13 anos, achei uma ótima ideia as férias fora de época. Férias não. Quarentena. Mas naquele tempo não usávamos essa palavra, muito menos se propagava a importância de se ficar em casa tanto quanto, bom… hoje.
Novo vírus, transmissividade muito maior que a última pandemia. Estou pelo 4º dia em casa, trabalhando em home office — molde ao qual estou bem acostumada — e vejo as mais variadas consequências de quando a quarentena voluntária se torna uma obrigação moral e social consigo e com os outros.
Hoje acordei com a Mulher Maravilha cantando Imagine do John Lennon com outros artistas, compilados, cada qual com seu respectivo verso, num vídeo curto em formato vertical, adaptado às telas do nosso veneno e antídoto da hora: o celular. Qual o impacto REAL que ouvi-los cantando vai causar? Comoção, emoção, mais fanatismo?
Não quero reprimir a atitude dos artistas, não é bem por aí. É que é difícil ser idealista, como na canção nirvanesca do beatle, quando se tem, afunilando as realidades, um presidente-chacota, que além de achar que chacota é a pandemia, mesmo com dados, OMS intervindo, mortes e a porra toda, faz-se de tonto e perde o jeito com a máscara (aliás, por que usastes, Bolsonaro? Não é uma fantasia?) em rede nacional. Escute o nosso amigo haitiano: acabou, Bolsonaro. Você não é mais presidente. Moralmente e intelectualmente, você nunca foi.
Revezo a minha atenção entre o BBB20 e Coronavírus (aka coronaváirus), tento fazer um malabarismo mental cujas bolinhas que estão no alto são a minha saúde física e mental, a vida pessoal, o dilema do povo de bater ou não a panela (isso não era coisa da direita?) e memes, muitos memes. Enquanto isso, sou bombardeada com conteúdos até legais, porém pouquíssimo originais, já que, uma vez que fazem, já replicam e replicam e replicam… sobre “como lidar com a rotina de home office”. Sou do Rio, mas lê-se com sotaque paulistano, por favor.
O marketing não para. E nem pode parar. Ele é a engrenagem que mantém esse sistema azeitado (amo essa palavra!). Não importa se o alvo é o vendedor local, a grande cervejaria fazendo uma boa ação, ou se o alvo é o oprimido, que sequer tem uma casa pra #staythefuckhome. O fato é que, como li esses últimos dias, esse modelo econômico não se sustenta. Não funciona. E falha na primeira crise que aparece. Aliás, falha todo dia, basta olhar para o lado.
Essa não é uma crônica com a solução final. Eu não vou dar nenhum passo a passo, que a propósito, ALÔU, ninguém segue, de como sobreviver aos tempos do corona. É mais um desabafo que pode fazer você se sentir mal ou um pouco melhor do que estava antes. Afinal, está todo mundo — literalmente — nessa.