A panela de velhacos

Retrato da Rainha Elizabeth II — obra de Lucian Freud

A panela de velhacos
Já fez muita comida boa
Quem diria, com tamanha feiúra
Tanto banquete delicioso

Panela velha, velharia
Lataria
Metida por ser “cool”, different

Panelinha boa
Quer sempre estar fazendo comidinha
Papando gente novinha
Excluindo os que não servem sempre seu jantar

A panela de velhacos
Não foi mais lavada tem algum tempo
Enferrujou com as mesmas receitas
Começou a ser râncida
Com sua clientela
Logo, achou que seria relíquia
Iria parar em um museu
Virar Deus
A sagrada panela dos milagres escritos

Coitada da panela
Nem pra era das cavernas conseguiu fazer conto
Continuou ali
Excluindo, se colocando no pedestal
A fantástica fabrica de comidas velhas

E por tristeza
Começou a invejar
Sentiu-se pela primeira vez, indiferença
Quando olhou a grama das colegas
E amargurou
O teflon das jovens rivais panelas

--

--

Denise Maliska
Ensaios sobre a loucura

Escritora e poetisa. Escrevo, linhas, devaneios e tudo o que me resta. Sem mais descrições.