Amanhã, novamente

Ítalo B. Bacchiega (Pena)
Ensaios sobre a loucura
2 min readAug 17, 2018

Ele construiu uma casa, para dois.
Em cima daquela árvore.
Mas não conhecia nada.
Nem quem compartilhava a sua morada.

Sua tempestade o derrubou.
Numa luta de instinto, a soltou.
E até o infinito ele caia.
Se perdendo no que sentia.

Mas sobreviveu.
Viveu.
Durou.
….até demais.

As memórias lhe acompanhavam.
E a história do que poderia ter sido.
Ainda embaçava.
A lembrança de quem tinha ido.

Nos lugares aonde foram.
Agora os rostos refletiam somente um.
E afugentava os estranhos.
Que por bem se disporam.

Sobreviveu.
Viveu.
Cresceu.
E mudou.

Sua fé agora é aérea.
Não tem lar.
Não mora em nenhum peito.
Aonde se possa repousar.

Nao tem logica.
Muito menos é intencional.
Se descobre como mágica.
E se levitar torna-se natural.

Não é criação.
É quase como um milagre.
Um sobrevivente voltar a ação.
Merece o seu destaque.

Sobreviveu.
Viveu.
Cresceu.
E entendeu.

Que ainda haverá tristes finais.
Chuva ainda cairá ao chão.
Mas irá refazer seus inícios e iniciais.
E se tornar o que merece então.

De novo.
E de novo.
Mais uma vez.
Como tudo.

Não será sozinho.
Ele não será o primeiro.
E muito menos o último.
Apenas continuará seguindo.

Do outro lado da guerra de todos.
Há alguma coisa boa.
Não experienciada.
Um novo pôr do sol

Irá subir em uma nova árvore e ver o mundo.
Para permanecer acordando ao som de piano.
O café ainda estará servido.
Mas sobre um novo pano.

Suas raízes não são mais sob um cemitério.
Os que se foram podem lembrar dores.
Mas hei de virarem flores.
Colorindo este belo e novo monastério.

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