autorressaca
mesmo que tuas mãos segurassem o meu rosto
nunca era o suficiente,
nem quando me atirei pro abismo
nem quando busquei abrandar-me
tornar-me outra,
uma outra esquisita, estranha a mim,
cujos olhos não brilhavam,
cujo passo amornava
cuja coluna se encolhia
até encontrar de novo o útero de minha mãe,
nunca, nunca era o suficiente.
nem quando o sangue jorrava
e a vida passava
e Deus me dizia
que havia algo ainda
e nem quando meus pais me abraçavam
e nem mesmo quando num instante inseguro
meus amigos me acolhiam
nada valia
a suficiência era nítida
inexistência rítmica
do embalo arrastado
ao encontro jogado.
e eu não me bastava.
escrita vadia