boa noite, preciso sonhar
Na exuberância do ínfimo, reconheço nuances inefáveis do que já não sou. Recolho-me ao travesseiro atrás de epifanias encobertas, contanto que eu as recorde pela manhã. Ainda cruas, as disseco, como faço com as rosas dentro do armário. As cores transmutadas pelo tempo me fascinam, e não há tanto de sórdido para se pensar. Aquilo que (não) se encontra fora da palavra, se corporifica em diminutas e fugidias gradações de desejo que, por sorte, temos tempo para cozer. Se escrevo poema, quero prosa. Também o contrário. O desassossego é substancial, é buraco, piquenique em campos deletérios. Uma visita ao pretérito imperfeito dos pormenores de nossas trajetórias híbridas entre infortúnios e pequenas alegrias.