buscando o centro
Grito desesperado
De um peito desamparado
Antes em ti ancorado
Agora pôs-se a gritar
Em busca da forma
Fugindo da norma
Querendo em ti
A falta do me
Tu fostes embora
Deixaste para fora
Quem mais precisou
O grito tingido
De sangue vencido
Procura ouvido
Ou apenas um papel
Rasgando-se ao meio
Não quer mais um freio
Irá sem cessar
Grito obsessivo
Não há de parar
Correndo para dentro
Buscando no centro
O que precisa vibrar
Esse grito inumano
Carrego no peito
Tentando de algum jeito
Um dia me encontrar
Em ti não estou
Mas estive um momento
E agora não há nem vento
Para eu respirar
Amigo, querido
Eu seria teu abrigo
Se foste meu luar
Lua do mar que o mexe inteiro
Marés e rodeios, a me procurar
Nesses versos humilhados
Vi meu sonho afogado
E um novo regurgitar
Agora vazio,
Procuro alimento
Para preencher-me por dentro
Sabendo que será falho
Mas quebraria um galho
Desse meu precisar
Ansiar nunca acaba,
Foi assim que aprendi
Assim como a corça
Anseia por água
Vivo meus dias
Ansiando por ti.