Cansaço

Danyela Afonso
Ensaios sobre a loucura
2 min readOct 26, 2017

Tenho a mente cansada, desejo ardentemente o dia em que uma actividade praticada seja apenas isso, não mais um esforço duplo para exacerbar o pensamento com uma mescla do que faço e o turbilhão que é um cérebro em constante actividade.
Tenho a mente fatigada, varreu-se-me da memória o último momento em que apenas me concentrava no que acontecia momentâneamente, numa conversa em curso ou numa fugaz sensação.
Pensando melhor? Já usufrui de tamanho prazer?
Tenho a mente esgotada, reduzida a um objecto seco e espremido pelo ininterrupto vazar de conspirações e desconfianças a que este mundo imundo me obrigou, desejo não desconfiar, não pensar demais, desejo tanto descansar.
Eu própria estou cansada, não encontro o equilíbro entre as necessidades humanas e a eventual expressão de lealdade, a consciencialização de que hoje tudo tem um preço subjugou-me ao jogo de identificar interesses afim de os repelir, de ocultar emoções para não revelar fraquezas e por fim afastar cumplicidades para não haver espaço há criação de mágoas no decorrer dos dias.
Aprendi a compartimentalizar, e assim, com cuidado, emiscuo-me das decepções que a crença pode trazer por companhia, mas o preço é alto, demasiado alto, não mais estou disposta a financiar o meu próprio definhar, olho nos bolsos e vejo que esgotei os fundos só por não permitir ao pensamento parar.
Ah! Mas estou cansada, pensar demais é extenuante e a minha sanidade mental não está à venda. Nem eu!
Não te vou excluír prometo, apenas deixa-me descansar, dá-me um só momento no meu espaço vital, e acredita, és o que me proporciona leveza no espírito, após repousar apresentar-te-ei o mundo que eu anseio, um mundo que desconheces, um mundo sem valor monetário, o tal que só é digno dos espontâneos, leais e verdadeiros!
05/10/2017 Danyela Afonso

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