Um Grito de Pavor (1961)

Cheiro amniótico

Rosane Mathias
Ensaios sobre a loucura
1 min readAug 25, 2016

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— Chega! Não aguento mais te ouvir gritar— dizia isso enquanto lágrimas escorriam por todo o seu rosto. Seu colo todo molhado demonstrava o nervosismo causado por tantos gritos seguidos. — Já pedi pra parar. Por que você continua? Eu já cumpri meus deveres… — Seu estômago começara a embrulhar, a ânsia cada vez mais perto do nó formado na garganta finalmente fluiu para fora, mas não trouxe a calma, Ana continuava a pedir por um minuto de silêncio enquanto gritava, enquanto chorava, enquanto se arranhava… Era apenas por um minuto! — Parem de gritar comigo! Parem! — Em meio a tantos sons não pôde perceber a porta se abrir atras dela. Sua mãe adentrava com suavidade e a abraçando por trás sussurra em seu ouvido — Quem gritas, minha filha? Olhe, estamos sozinhas. — Com o abraço Ana pôde sentir seus músculos relaxando, aos poucos foram caindo as duas ao chão. Como um bebê que apenas se acalma ao repousar entre os seios de sua mãe, Ana se acalmou sentindo o cheiro da paz, da segurança e de alimento da alma

adormeceu.

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