Marina Fornazari
Ensaios sobre a loucura
1 min readJul 24, 2017

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Criou-lhe um novo eu.

Um inédito e bem sucedido

Que cintilava nos outros olhos,

Um cheio de orgulho e pose.

Era completo, achava ele.

Não tinha rachaduras nem defeitos,

E ai de quem tentasse encontrar um,

Ele se reinventou.

Mas se fez de um modo que não era ele mesmo,

Era uma máscara, uma casca sob seu verdadeiro eu.

A qual era composta de um orgulho tóxico.

Um desleixo,

Desleixo pessoal que um dia contaminaria sua superfície.

Aquela máscara impregnou-lhe no corpo,

De tal modo que sua verdadeira essência

Se perdeu, foi devorada, apagada, abafada.

Abafada como quando se põem fim ao fogo.

E então se convenceu que aquele novo eu

– que não lhe convinha quando sozinho –

Lhe faria feliz sempre.

Todos desejavam aquele eu dele;

Mal sabiam o preço daquilo.

Da constante necessidade de aprovação

E a falta de auto-aprovação que refletia no espelho toda manhã.

Tamanha insegurança…

Que até se refreava em pedir socorro.

Quebre esse espelho que não lhe reflete mais.

Quebre para reconstruí-lo.

Quantas vezes precisar.

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