DeLorean
Eu não sei escrever poemas, mas se soubesse, escreveria sobre um homem que quer voltar no tempo e evitar tudo o que aconteceu entre ele e alguém.
Escreveria sobre como ele passara anos tentando criar sua própria máquina do tempo. Sem o menor talento para as ciências, esforçava-se como um louco; um obcecado indivíduo, dedicando sua vida a consertar os resultados de suas equivocadas atitudes; dedicando sua vida a evitar as feridas que causara, restituir laços rompidos.
Sem conseguir, lógico. Essa coisa de viagem no tempo é em si mesma uma maluquice, uma impossibilidade, e qualquer homem que preze pela própria sensatez sabe que abraçar impossibilidades é flertar com a insanidade.
Andar pra trás é uma ideia tentadora. Inútil, mas tentadora: apegar-se ao passado, espremê-lo, esperando que algo, além do que já se tem, possa surgir. Um delírio de que se insistirmos em decifrar mistérios de circunstâncias anteriores, a coisa toda mudará.
Bobagem.
O tempo e a história, a história de cada um de nós não anda para trás, e eu não quero definhar absorto em cenas de um filme que acabou e jamais será reprisado.