Desalinhado

Robson Sousa
Ensaios sobre a loucura
2 min readMay 18, 2021

boiando no mar com os pés no chão

Não posso te contar a história que sonhei acordado, pois não posso contar mentiras..

Imagina, a existência do tempo sobre a demora do ser humano em reconhecer que é insosso a trajetória das balas naturais em formato de gotículas de água respingadas de alguma torneira no quintal de casa alheia.

— Mas quem poderia tomar tino de tal detalhe?
Ninguém, afirmo.
Só quem sabe o “quê” viveu enquanto passeava no estágio de pré-vida pode entender o qual volumoso é o sorriso de querer estar bem, saudável e, como manda o protocolo, violando as regras pelo gozo.

Prazer é o alvo das minhas buscas, mas por enquanto estou acertando as bordas. Não é por falta de tentativas, e sim pelo excesso de tentativas com faltas de zelo. Zelar pelo o que é bom é ruim, dois gumes de uma faca cega que quando não corta, frustra; para cortar você tem que amolar. Repare só, já cortei muito o dedo.

Uma tira de pano pra estancar o sangue, umas gostas de álcool para (sentir a dor do ardor). Prazer.
A vontade de largar tudo o que tá em mãos é grande, mas a vergonha de abri-las e revelar ao mundo que nelas nada há é ainda maior.
Se bem que pelo andar da carruagem, estou parado. Os animais precisam se alimentar antes de puxar carga.

Não, não mesmo. Isso não é um relato sobre vida, trajetória ou desilusões. Nada mais é do que um frenético momento de digitação para aquecer os dedos para a célere atividade que virá à frente: esquentar o almoço. Prometi ao meu alter-ego que esta escrita levaria apenas 10 minutos de de relógio. Estou aqui no minuto 7.

Desalinhado estou, somente no retrato. Na real, estou alinhando com propósito de não ter linha, exceto pela linha 0' (linha de pipa). Somando aos ventos de meio de ano, decerto estarei no ar com uma pipa fêmea zebrada em amarelo e preto, cortando os ares do seu bairro sem te relar.

Como de costume, não revisei o texto.
A explicação para esse costume é bastante simples: nem sempre eu entendo o que escrevi.
É gozado não entender. Me levo em pensamentos de que seria Eu uma partição de vários Eus? (Por quê choras, Patrícia?). Mas tudo bem, é-s-o-b-r-e-i-s-s-o, sabe? Não entender os próprios pensamentos as vezes é uma dádiva.

No mais, não sei porque ficou torto*.

(*)(hipótese): Seria por causa do pé invisível do mercado que ao entrar no barco da (minha) vida, deslocou o centro de gravidade para a extremidade, forçando uma rotação/afundamento anti-horária no mar existencial?

— Não sei, veremos..

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Robson Sousa
Ensaios sobre a loucura

Sou, talvez, um serumano pré-moderno imerso em viagens mentais pós-contemporâneas. Ou o contrário. I'm/By robsu.