Existem necessidades intrísecas a todas as fases da nossa vida, não obstante, algumas em especial não são do nosso conhecimento, principalmente as futuras.

A verdadeira necessidade, a única, será sempre as relações interpessoais, a compreensão alheia, ou uma simples identificação de carácter.
Até que ponto investimos contra uma rotina quer laboral quer pessoal sem uma companhia amistosa que seja?
Enquanto jovens não visionamos os dias de andarilho e caneca de chá de camomila exatamente á mesma hora, dia após dia, enquanto miramos o mundo, num quarto solitário, apenas com uma janela da qual puxamos as cortinas e um quadro com um horário pré-estabelecido, sem calendário, apenas dias da semana.
Infortúnio nosso, ou não, esses dias chegam, e só aí, no fim da nossa vida a solidão tem o seu verdadeiro significado.
Os nossos descendentes, caso existam, encontram-se numa demanda pela qual já passámos, demasiado absortos para ouvirem divagações de uma pessoa agora cansada.
Restam os semelhantes, caso possamos lidar com alguns, confidenciamos cenários de guerra, amores, aventuras, tomamos os medicamentos juntos enquanto mastigamos bolachas de manteiga e jogamos à bisca.
Falando da real conclusão. Seremos, no fim dos nossos dias, aquilo que vivemos, as nossas histórias e recordações, momentos que revivemos na nossa mente, e que por sorte talvez possamos contá-los a outros, ouvir os deles, e à nossa maneira entender o que foi viver, sentir, sem espaço a remorsos. Sei o que quero, e quando chegar a minha vez de estar nesse quarto solitário, não me quero sentir só mesmo sem companhias humanas, quero continuar a viver, revivendo o meu caminho e tendo a capacidade de não me isolar de novos conhecimentos e conexões, que talvez me confidenciem bonitos segredos, como aquele que ouvi “contra todos os conhecimentos prévios, uma estranha troca de olhares se comparou ao mais terno beijo, e isso por si só resgatou-me da banalidade que é o mundo.” Carpe Diem, Danyela Afonso 03/09/2017