Fome
No inicio deixou de comer por causa do sonho de ser uma grande modelo internacional, embora tenha alcançado o peso ideológico sua mente continuava a pressioná-la pelo ideal. Desistiu desta vida assim que foi descoberta a anorexia. Passou anos, trancada em casa assistindo a todo o tipo de documentário alimentício.
Cortou o açúcar e o sal, as carnes. Tornou-se vegetariana, e conseqüentemente vegan, mesmo vomitando todo tipo de verdura, fruta ou legume. Aos poucos o espelho acostumado a crítica foi se conformando com sua nova postura. No natal bebeu água e nada mais e assim foi ficando e sofrendo, mas rindo de todos e de todas as opiniões vizinhas.
Os pais preocupados tentaram em vão empurrar todo tipo de tratamento e remédio, mas nada passava por sua goela.
Em seus devaneios, entre dores infernais, sua consciência berrava:
Iluminada!
Salvadora!
Mártir!
Chegou a cogitar ser uma artista de fome, mas sua forma rendeu um processo aos seus progenitores por negligência e uma internação numa clinica.
Surpresa ao ver o alto número de pessoas vitimadas pela síndrome do Kafka moderno.
A clínica em questão não possuía bom caráter e seu plano era simples, usar estes meninos e meninas e deles produzir seu novo produto que salvaria o mundo dos pobres, a farinha salvadora.
Os internos não comiam nada e ninguém os forçava, e um dia eles viravam pó, misturado a outros produtos e comercializado nos grandes supermercados.
Uma nova fabrica será construída daqui a dois meses.