LIMÍTROFE
28–8–18, sp
Há um limite para onde se ir
até mesmo porque o mundo é grande
mas grandeza não é infinitude,
grandeza é coisa, como souvenir.
Difícil percorrê-lo por inteiro,
pois as pernas se cansam muito rápido
na estrada acidentada do porvir.
No fim, corre-se, corre-se, para quê?,
se for veloz, ao começo se chega
para uma volta completa se fazer.
O lugar é o mesmo, o rosto já não,
seja início, seja fim, o tempo
nos concede uma só direção.
Como os ponteiros do relógio,
girando, voltando sempre, correndo
ao doze, do lugar não nos movemos.
Os ponteiros, porém, enquanto giram
em vão, apenas tentam apreender
o contínuo sentido do tempo.