Magnólias e narcisos

Litografia por Ludovic Alleaume — 1900.

I

amanheço com a calma
invadindo meus poros,
amanheço em cada
lampejo de esquecimento
em cada resquício de ar
e permaneço imóvel
ilegível, num pôr do sol iridescente
que guarda cada ruído
imperceptível desta cidade
que se esconde dentre
estes nossos lençóis mundanos.
levanto-me coberta de algas e narcisos
enleada pelos timbres
que ditaram o ritmo da noite anterior.

II

todo poema é o prenúncio de um feitiço
toda palavra é luminosidade,
magnólias repelem os ecos do nosso silêncio.

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Mariana Artigas
Ensaios sobre a loucura

Poeta e educadora escrevendo canções em travessia. Ossatura sutil (2022, urutau).