Não lembro se eram quatro da manhã ou sete. no momento em que olhei nos teus olhos e vi todas as cores nesse seu olhar mareado de astigmatismo.
O jeito que você passa a mão na minha pele sensível e me coloca no seu peito. o seu cheiro, sua cor, sua voz. mais uma quarta feira divertida enquanto você vai embora pela porta da sala. E penso que você não é o amor da minha vida.
Mas não consigo parar de pensar “e se fosse” . e se na segunda feira que eu abri a porta para você, eu não tivesse te deixado ir embora? e se eu abrisse meu peito bem aqui agora no meio da sala? e se eu vomitasse todos os meus sentimentos em cima de você, o que será que essas suas mãos calejadas fariam?
E por um momento você me deu tudo que eu queria. o ideal de relação que a Frances descreve. me deu um mundo inteiro contido numa troca de olhares que não durou nem um segundo, e no meio de uma festa na terça feira. esse (entre outros) foi um golpe fatal para meu pequeno coraçãozinho arritmado.
Então meu coração se retrai de ânsia e medo. minha cabeça gira. e meus lábios formam o seu nome quando não consigo dormir.
Mas no final das contas acho que vai ficar tudo bem. porque cada vez que eu externalizo esse sentimento parece que ele se dissolve um pouquinho. e esse aperto no peito vai diminuindo. e a fotografia mental que eu guardei do seu sorriso naquele dia de tempestade com sol começa a se desbotar nos anais da memória.
Eu te amo, mas vai passar.
…tudo, um dia, vai passar, o momento mais bonito que a gente viveu junto. E também o mais terrível, o mais estranho, o mais confuso.
