No bonde em La Paz
Nós dois num bonde
Pelos céus da cidade
Tão longe de casa
As janelas brilham
Que noite
O medo de cair me toma
Sem destino
Me refratando
Em queda livre até o asfalto
Seu espírito se eleva
Com o olhar se empoderando
Se edificando
Em mim
O retrato de mãos dadas
Entre você que é ave
E eu que me tornei noite
É uma pintura do medo
quando bem acolhido
Mesmo em conflito
Diante da fragilidade
De um ser máquina
De vidro
Sua força triunfa
Com delicadeza
E me conduz
Com firmeza
Sem trincar
Minha pele
O bonde é uma lembrança
De como reagir ao medo
Somos feitos de vulnerabilidades
Mas também somos feitos de compaixão