ocêu

tarracoda
Ensaios sobre a loucura
2 min readMar 8, 2018

Você
Cujo nome não sei
Quem minh’alma entreguei
Te espero na ponta do pé
Tentando te achar no meio de tantos
Pra me encontrar

Você
Tantos nomes te dei
Em vão errei
Querendo errar
E na esperança te achar

Você
Que jamais vi o rosto
Quanto menos o gosto
Que não sei não ansiar

Você
Que me tira de mim
Me devolva de onde vim
Sem dizer como voltar

Você
Que tem cheiro de mar
Para sempre vou te amar
Um amor nunca visto
Você que é um cisto
Sempre prestes a brotar
E crescer e roubar
A paz que me cerca
Que me dá o amar
Sem nunca o ter visto

Você
Que carne não suporta
Nem mesmo a aorta
Poderá te pulsar

Você
Que busco tanto encontrar
Um dia te acho
bem dentro de mim

Você
Que errei ao pensar
Que me esperaria lá fora
Lá bem dentro do mar

Você
Que o pronome errei
Você é minha lei
E na noite escura
Eu sou teu luar
Onde só silencio dura
Chegarei pra brilhar

Você
Para quem me montei
Quantas noites passei
Procurando te achar

Você
Que me completa inteiro
Eu só queria seu cheiro
Para me encontrar
E então saberia
Que você não viria
Pois já mora aqui
No âmago amargo
De um peito fadado
A sempre procurar
O que nunca virá
Pois está aqui
Você que sou eu
E hoje sei
Agora te achei
Pra não mais te perder

Você
Que só mostra as costas
Te amarei nas encostas
Da vida vazia
Na beira abismo
Esperar teu sorriso
Sua cara virada
Seu olhar frente ao meu
O beijo prometido
De um amor bandido
Que não paro de cantar

Eu,
Pra quem fiz essas rimas
Toscas e ralas:

Eu,
Que me amarei, sendo o que sempre sonhei, entregando a mim a luz que preciso, na mentira que vivo, sempre vou me amar.

Andrógino, aquarela, col. Luis Fernando Nazarian, SP. Fonte: Catálogo, 1984, p. 115

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