Teoria

Alice
Ensaios sobre a loucura
2 min readOct 9, 2019
Arte de Daniel Martin

Agente do caos, a gente do caos não quer saber de mais nada. Quer que o mundo exploda, figurativamente, emocionalmente, catarticamente. Quer que a próxima notícia venha com força suficiente pra derrubar um ou dois idiotas que cismaram de serem presidentes.

Um agente do caos quer, sobretudo, autossabotagem. Viver de migalhas, de lembranças e de chagas deixadas quando angústia era sinônimo de amor.
O agente do caos não quer mais trocar figurinha na vida real ou sticker no Whatsapp. Quer sangue, suor e lágrima. Porque intensidade é o sobrenome, codinome, heterônimo.

Ando por aí com a divina invenção do nome de batismo, registrado em cartório de oficio, mas atendo por agente do caos, nobre vagabundo, louca, exagerada e variações. Me permito ser chamada assim, pois assim me vejo. Se eu gosto? São outros quinhentos. Mas o caos, de certa forma, dá prazer, dilata a pupila e deixa a gente acordado até mais tarde. Não, não é Molly, não. Nem qualquer ator famoso com nome de droga (ou vice-versa). É a mais pura e puta caretice que o ser humano inventou, mas te juro que o barato é bizarro - de bom. Mas dá umas noias, como as outras.

A calmaria é abstinência que desconheço. Caos, pai de todos, de onde viemos, pra onde voltaremos. Tudo tende a ele e a organização foi criada para adiá-lo, de forma que a sua existência não se confunde com a minha e é definitivamente banida dessa história.

A gente do caos, agentes do caos, incitamos brigas, argumentamos em discussões, viemos ver o circo pegar fogo. Vivemos por dias em que os jornais não darão conta das notícias e que charlatões sairão do poder. Ansiamos pelo início das coisas boas, esperando que elas acabem… em caos.

É parte de mim. Custe o que me custar. E tem custado, so far, no good.

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