Teus contornos
É difícil dizer
Em quais momentos
Não vislumbro tua imagem
Em um relance qualquer
Te vejo sorrir nessas tumultuadas esquinas;
Para depois desaparecer
Entre os passantes
Mas eu sigo
Sem desviar meu caminho,
Sem mudar meu destino.
E até chego a esquecer
Muito brevemente
A tua perene existência
Logo em seguida, porém,
Tua desavisada lembrança
Afoga meus pensamentos
Na mais profunda e efêmera
vontade.
Faz-me perder então
Neste eterno vai-e-vem
Entre o desejar e o esquecer,
Entre o esfriar e o aquecer.
Mas eu fujo (tento!),
Sempre fujo,
E finjo,
Numa desfaçatez sem tamanho
Que não espero, em segredo,
Desvendar os teus contornos.
Mas temo.