Sua vida não é tão foda assim
Sobre quando o personagem não convence
Eu gosto das pessoas que chegam já mostrando o que são. Assusta num primeiro momento, mas depois de um tempo, prefiro assim.
Essas pessoas são aquelas que já tiraram as máscaras que nos ajudam a viver essa vida de cão e só voltam a usá-las quando precisam. Isso é ter o controle sobre sua própria personalidade. Mas eu acabo sempre gostando.
Todos temos nossas imperfeições, eu tenho as minhas também. Mas ser uma máquina de agradar pessoas é anular sua própria vontade em prol de alguém que talvez não tenha nada para dar e minha paciência em desvendar personalidades é bem curta.
Acho que a maior prova disso é o Instagram. Todos mostram o quanto sua vida é foda e eu me perco no meio de tantos dentes a mostra, de tantas festas e baladas. Aí, quando uma pessoa nos decepciona, sentimos dor. Mas no fundo e em muitas vezes, os grandes culpados da frustração de expectativa alheia somos nós mesmos. Fazemos um grande esforço em mostrar algo que não somos e quando a verdade vem à tona, ficamos tristes com o outro.
Não sou nenhum pessimista, mas prefiro lidar com alguém sabendo que, em algum momento, o personagem se desfaz feito cera derretida. Isso evita muita coisa, muito peso que não estou disposto a carregar. Bastam os meus que, muitas vezes, nem sei lidar.
Sempre despertamos dessa flutuação água com açúcar e prefiro saber que sempre existe mais do que belos sorrisos, que o buraco é mais fundo, que não adianta entregar expectativas porque cansa tentar ler a legenda de um personagem que não convence.