Cinco palavras espanholas que enganam os portugueses

Marco Neves
Entre Linguas
Published in
2 min readDec 6, 2014

--

Os tradutores chamam-lhes “falsos amigos”: palavras que parecem fáceis de traduzir — e acabam a atraiçoar-nos pelas costas.

No caso do espanhol, existem muitos destes termos com significados muito diferentes do que parece à primeira vista — ou, o que é pior, com significados parecidos, mas com alguma subtileza que faz toda a diferença.

Conheçam cinco destes falsos amigos:

“Raro”

Algo “raro”, em espanhol, é algo estranho ou peculiar. Pode ser ou não pouco frequente… Também poderá querer dizer “excepcional” (como na expressão “de rara perfección”). Por outro lado, a palavra “raramente” quer dizer o mesmo que em português. (Ninguém disse que as línguas são lógicas…)

“Ilusión”

Uma “ilusión” é um sonho ou uma sensação de esperança. Um futebolista português a jogar em Espanha que regresse ao nosso país a dizer que está cheio de ilusão, não está a dizer que vê fantasmas: está apenas um pouco infectado pelo espanhol e a querer mostrar um grande entusiasmo com o que vem aí. (Por outro lado, e para complicar um pouco, há contextos em que “ilusión” quer mesmo dizer “ilusão”, como neste artigo sobre “ilusiones ópticas”.)

“Exquisito”

Ora aqui está um falso amigo esquisito. Se ouvirem um espanhol a dizer que a comida portuguesa é esquisita, não se zanguem… A palavra “exquisito” quer dizer, segundo o dicionário da Real Academia Española, “de singular y extraordinaria calidad, primor o gusto en su especie.”

“Apenas”

Este é o falso amigo clássico do espanhol: “apenas” quer dizer imensas coisas, muito diferentes do “apenas” português — e às vezes até quer dizer exactamente a mesma coisa que o “apenas” português.

Muitas vezes, significa algo parecido com “dificilmente” ou “quase não”. A expressão “un libro que apenas se conoce en España” não se refere a um livro que se conhece em Espanha, mas sim a um livro que mal se conhece em Espanha.

“Embarazar”

Sim, embarazar não é o que parece. Se alguém “embaraza” uma pessoa, está a criar uma nova pessoa. É bom que não tenha ilusões — e fique cheio de “ilusión”.

Publicado originalmente no site linguas.pt a 6 de Dezembro de 2014.

--

--

Marco Neves
Marco Neves

Written by Marco Neves

Writer of non-fiction books on language and translation. Assistant Professor at NOVA University of Lisbon. Researcher at CETAPS.

No responses yet