É falsa declaração de Luizianne sobre Ceará ser “estado com maior índice de mortes violentas”

Ceará é o segundo da lista, atrás da Bahia; EntreFios checou outras três declarações da deputada federal e candidata do PT à Prefeitura de Fortaleza durante entrevista que concedeu em 14 de agosto à Rádio O Povo CBN

Por Beatriz Reis, Jeferson Falcão,
Maria Letycia e Mariana Matias

Luizianne Lins em campanha à Prefeitura de Fortaleza / Reprodução - Facebook

O site EntreFios checou quatro declarações proferidas pela deputada federal Luizianne Lins (PT) durante entrevista à Rádio O Povo CBN em 14 de agosto, ainda na condição de pré-candidata à Prefeitura de Fortaleza.

Luizianne foi vereadora da capital, deputada estadual e já ocupou o cargo de prefeita de Fortaleza por dois mandatos consecutivos, de 2005 a 2012.

Das quatro declarações verificadas, uma foi classificada como “falsa”, uma como “verdadeira” e duas como “verdadeiras, mas”, sendo essa última classificação utilizada quando há ponderações a uma afirmação que é essencialmente verdadeira.

As etiquetas e a metodologia de checagem utilizadas são as mesmas adotadas pela Agência Lupa, uma agência brasileira de checagem de declarações públicas.

Veja a seguir a checagem de cada uma das quatro declarações.

FALSO
“[…] violência durante a pandemia, o Ceará é o estado com o maior índice de mortes violentas, esse dado é até abril, ou seja, latrocínio, homicídio e feminicídio, feita pelo portal G1[…]”.

A informação analisada é falsa. De acordo com notícia divulgada pelo G1, a Bahia é o estado com a maior quantidade de crimes violentos letais intencionais (CVLI) nos dois primeiros meses de 2020, segundo dados do Monitor da Violência divulgados em 29 de agosto. Os CVLI incluem homicídios, feminicídios, latrocínios e lesões corporais seguidos de morte. Essa é a primeira parcial divulgada no ano. Em razão da pandemia do novo coronavírus, houve atraso na entrega dos dados e dificuldade para obter os números de todos os estados.

De acordo com a ferramenta, houve 7.743 mortes violentas no primeiro semestre de 2020. No mesmo período do ano passado, foram 7.195.

De acordo com os dados de janeiro e fevereiro de 2020 somados, a Bahia teve 926 CVLIs, seguida do Ceará (712), do Rio de Janeiro (695), de Pernambuco (629), de São Paulo (567) e de Minas Gerais (506).

No final da notícia do G1, é dito: “Em fevereiro, com relação ao índice por 100 mil habitantes, a Bahia ocupa a quarta posição em fevereiro, com taxa de 3,21. Na frente da Bahia, estão Ceará (4,99), Alagoas (4,29) e Rio Grande do Norte (3,71). A taxa nacional de CVLIs a cada 100 mil habitantes é de 1,9”.

Pode perceber uma mistura de informações e dados que acabou tornando a fala da candidata equivocada e falsa. Além de errar no dado que o Ceará é o estado mais violento do país no começo de 2020, o índice citado pela deputada Luizianne Lins foi de 4,2, um pouco inferior ao dado real, de 4,99.

VERDADEIRO
“[…] existe uma questão hoje, nacional, que muitos partidos, inclusive pequenos partidos e grandes também, mas eles têm que ultrapassar até 2030 a chamada cláusula de barreira, que é o número de deputados federais para que ele continue existindo enquanto legenda”.

A cláusula de desempenho estabeleceu novas normas de acesso dos partidos políticos aos recursos do Fundo Partidário e ao tempo de propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão. O desempenho eleitoral exigido das legendas partidárias será aplicado de forma gradual e alcançará seu ápice nas eleições de 2030, conforme previsto na emenda constitucional (EC) nº 97/2017.

VERDADEIRO, MAS
“[…] Fortaleza foi a cidade que mais teve mortalidade no Brasil, de coronavírus”.

Fortaleza foi a capital com maior taxa de mortalidade no momento da declaração de Luizianne. Contudo, não é a cidade com mais mortalidade. É possível observar isso ao realizar um comparativo com os dados do Ministério da Saúde, em que há cidades brasileiras com mortalidade superior à de Fortaleza, geralmente cidades pequenas. É importante ressaltar que a taxa de mortalidade da Covid-19 nos municípios brasileiros é um cálculo que leva em consideração o número de mortes por número de habitantes de um determinado local. A declaração que a deputada fez não está completamente verdadeira por conta do uso do termo “cidade”. Caso fosse substituída por “capital”, seria totalmente verdadeira. Mesmo Fortaleza apresentando uma queda na média de óbitos, ela foi bastante afetada durante a pandemia, devido à desigualdade social e à dificuldade em cumprir o isolamento social.

VERDADEIRO, MAS
“A questão da assistência social mesmo, os CRAS [Centros de Referência da Assistência Social] e CREAS [Centro de Referência Especializado de Assistência Social] que permaneceram fechados, os Centros de Referência de Assistência Social permaneceram fechados durante a pandemia, [que poderiam funcionar] até como uma forma das pessoas buscarem a informação, buscarem auxílio”.

A declaração checada é verdadeira, mas o leitor precisa de mais explicações. Durante o período de quarentena, as sedes dos CRAS e CREAS permaneceram fechadas. Entretanto, segundo a Câmara Municipal de Fortaleza, os serviços prestados por esses órgãos públicos continuaram de forma remota. No site da Câmara, é possível encontrar o e-mail e o telefone de cada unidade, onde o munícipe que faz parte do programa encontra de forma simples e clara esses dados, podendo entrar em contato com a sua respectiva entidade e, assim, efetuar a continuidade do auxílio, mesmo nesse período de pandemia.

--

--