“A arte está em mim”

Débora Dias
EntreFios - tecendo narrativas
3 min readJul 18, 2022

O ator e professor cearense Leudo Duran relembra alguns dos passos de sua carreira, ressaltando sua paixão pela arte e a conexão com ela

Por Débora Dias

Leudo Duran / Arquivo Pessoal

Intrínseco pode ser definido como aquilo que constitui a essência, a natureza de algo. É com essa palavra que o artista cearense Leudo Duran define sua relação com a arte. Nascido em família humilde, na cidade de Cascavel, sempre conseguiu achar felicidade nas coisas mais simples. A casinha de taipa e o pouco espaço para muitas pessoas nunca foram motivos para apagar o brilho em seu rosto.

Leudo acreditava ter uma espécie de missão, aquela de cuidar das pessoas que estavam ao seu redor, o que o levou a ocultar suas próprias emoções, como quando avisado do falecimento de sua irmã, momento no qual se viu na responsabilidade de enxugar o pranto de seus parentes, o que lhe tirou o direito de expor qualquer sinal de fraqueza.

No dia 1º de agosto de 1987, o mundo via nascer um alguêm que viveria da renúncia. A arte sempre exigiu o máximo que Leudo tivesse a dar, os encontros de família e alguns de seus relacionamentos tiveram que ficar para trás, afinal ele estava indo em busca de se encontrar, e isso o fez consolidar um relacionamento sério apenas e tão somente com a arte.

Jucileudo Dantas de Souza é formado em teatro pelo Instituto Federal do Ceará (IFCE) e pós-graduado em Ensino de Artes - Técnicas e Procedimentos pela Universidade Única de Ipatinga, Minas Gerais. Pertenceu ao grupo de Teatro Miraira entre 2012 e 2021.

Apresentação Grupo Miraira / Ciranda Mídia

Com tom nostálgico e olhos distantes, Leudo relembra sua infância, desde as brincadeiras entre irmãos na rua até a fogueira de São João que anualmente faziam na frente de casa. Deixando escapar um sorriso no rosto, revive em sua memória momentos que o fizeram uma criança feliz.

Contudo, como em toda história de vida, há momentos de dores, e com Leudo não foi diferente. Com os olhos baixos, relata sobre o falecimento de suas duas irmãs e sobre o acidente que sofreu ainda criança, trazendo à memória períodos conturbados, quando o sofrimento habitou sua casa. A ausência de afeto, e muitas vezes de atenção, não modificou a percepção que Leudo tem da vida, ainda que tudo isso o tenha levado à necessidade de amadurecer cedo demais.

Na adolescência, teve um contato mais efetivo com a arte, quando se engajou em grupos de teatro e passou a dedicar seu tempo a ela. Na faculdade, enfrentou dificuldades, tendo que trabalhar e estudar. As idas diárias à Fortaleza tomavam parte do seu tempo. Foi quando seu pai fez o possível para impulsionar o filho e ajudá-lo a seguir seu caminho. Findando o curso, trabalhou na escola estadual Edson Queiroz, em Cascavel, como professor e diretor do grupo artístico Gateq. Trabalha atualmente na escola Pedro de Queiroz, em Beberibe.

Criou com alguns amigos o grupo Base de Teatro. Por meio dele, aprendeu a respeitar e se entregar à arte. No dia 13 de abril de 2014, numa garagem, reuniram-se pela primeira vez para dar início a uma trajetória árdua e rica, moldada por espetáculos e apresentações. Expõe-se artisticamente através dela, “Sodoma Marmota”, uma personagem que interpreta, a qual tem forte conexão com “Valentina”, sua companheira de atuação.

Espetáculo Crendice de Quem Me Disse, Grupo Base de Teatro / Jotacílio Martins

Além da arte, Leudo se encontrou no vôlei , sendo essa uma das atividades mais importantes de sua vida. Seus treinos o fazem esquecer de todo o resto e o levam a um estado de bem-estar inexplicável. Em sua caminhada, Leudo, que se intitula “artista-professor”, encontrou-se na música, na dança, na quadrilha, na atuação, nas mais diversas expressões artísticas.

“A arte existe para que a gente não sofra nesse mundo tão caótico, ela vem para embelezar: embeleza quem faz a arte e alfineta quem faz dela algo supérfluo”, arremata.

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