A representação do amor, do acolhimento e da alegria

Fabiana Melo
EntreFios - tecendo narrativas
3 min readFeb 11, 2022

Filhos e netos de Margarida Maria Miranda de Melo descrevem — com saudade e carinho — o exemplo de maternidade de uma mulher amorosa e forte

Por Fabiana Melo

Margarida Melo / Arquivo Pessoal

“Sabe aquela sensação de acolhimento e fraternidade ao ver alguém? Era assim que qualquer pessoa que conhecia a minha avó se sentia ao lado dela”, conta Carolina Xavier sobre sua avó de consideração, Margarida Maria Miranda de Melo.

Dona Margarida viveu durante 79 anos e nasceu em Recife, no estado de Pernambuco. Filha de um fazendeiro e uma dona de casa, cresceu no meio de muita folia, já que possuía 16 irmãos. Segundo os relatos de filhos, netos e enteados, ela sempre foi uma pessoa amável, teimosa, dramática e que fazia tudo que estava ao seu alcance para aqueles que amava.

Seus filhos revelam a história que ouviram quando eram mais novos: aos 19 anos, em 1958, conheceu o seu marido, José de Melo, com quem se casou, teve 4 filhos e construiu uma vida ao seu lado. Depois de alguns anos de casados, decidiram morar na Ilha de Itamaracá, um litoral de Pernambuco.

Lá, em 1983, José fundou o restaurante Apetitosa, que no começo era caseiro e com poucas pessoas, mas logo foi crescendo. As noites de seresta do estabelecimento rapidamente ficaram conhecidas, com dona Margarida sempre se destacando pela simpatia e alegria. “Ela, sem dúvidas, era a estrela da noite. Chegou um momento em que esses eventos eram conhecidos por ela estar presente”, conta sua filha Maria Raquel.

Em 2004, com a morte repentina do seu marido, ela precisou reinventar a sua vida. Esse foi um dos períodos mais conturbados, pois teve que conviver com o luto de perder seu companheiro e, ao mesmo tempo, ter forças para consolar seus filhos. Mesmo desolada, esforçou-se para seguir em frente, com os 4 filhos e 11 netos que possuía.

Desde então, Margarida colecionou momentos amorosos e alegres com a sua família. Ligava todos os dias para os filhos e netos para saber se estavam bem, para ouvir a voz. Era aquela mãe/avó típica. A sua casa era um porto seguro para todos. “Eu lembro bem das vezes em que ia para casa de vovó, a gente sempre ganhava doce. Ela fazia um monte de comida, brincadeiras…”, recorda, com nostalgia seu neto Francisco de Melo.

Já seu filho mais novo, Fábio Melo, cita um dos momentos mais marcantes para ele enquanto sua mãe estava viva. “Uma memória que me toca muito da minha mãe foi quando me separei da minha esposa e ela me deu todo o apoio de que precisava e acolheu a mulher que eu amava. Enquanto todos viraram as costas para mim, ela estava do meu lado. Eu aprendi demais com os ensinamentos dela e esse, de acolher independentemente da situação, foi um dos maiores”, conta Fábio Melo.

Margarida Maria Miranda de Melo aproveitou a sua vida ao máximo, permitiu-se amar e sentir com todo o seu coração. E, hoje, o que fica é a saudade e os ensinamentos deixados por esse exemplo de maternidade.

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