Amor e esperança caminham juntos

Mário Flor
EntreFios - tecendo narrativas
3 min readOct 11, 2021

Marta Maria relata o medo e a emoção na chegada do segundo filho

Por Mário Flor

Marta Maria e João Miguel / Arquivo Pessoal

Nascida em Apuiarés, no Ceará, em 1981, Marta teve uma infância simples com seus bisavós. Aos 8 anos, precisou ir morar com seus pais e irmãos, em Fortaleza.

Ao longo do tempo, Marta criou laços com a família, e todos viviam sob regras severas, principalmente durante a adolescência. Foi nesse período que ela conheceu Maurílio, seu primeiro e único companheiro, hoje marido. Os dois tiveram muitas idas e vindas no relacionamento, mas tudo iria mudar.

Aos 17 anos, em 1998, Marta engravidou do seu primeiro filho e, mesmo com muitas dificuldades, tudo foi se ajustando. Eles construíram a própria casa, ambos trabalharam e tiveram uma rotina comum, mas muito feliz, por muitos anos.

Em 2017, 18 anos depois do primeiro filho, quando Marta estava com 36 anos, surgiu a vontade de aumentar a família. Em outubro daquele ano de indecisões, vem a notícia da gravidez planejada e aguardada por toda a família. Era um menino, e seu nome seria João Miguel.

Com 26 semanas de gestação, veio o grande susto. Na sala fria do exame morfológico de ultrassom, Marta ouvia as afirmações do obstetra: “Ele tem lábio leporino bilateral e fenda palatina completa, também possui micrognatia (…), não sei como ele vai se alimentar, se vai falar e se o cérebro é normal…”, dizia o médico. Mesmo com o desespero, toda a família manteve a fé.

Dois meses depois, cerca de um mês antes do parto, Marta sofreu uma queda brusca e bateu a barriga no chão. Apesar da preocupação, tudo estava bem com Miguel, mas aquilo fez com que ela soubesse que já amava intensamente o filho, e não daria importância às adversidades. As semanas foram passando, e Marta comprava tudo para o bebê com carinho, sabendo que a fase ruim iria passar.

Em 22 de maio de 2018, numa tarde de terça-feira, nasceu o amado João Miguel. Marta ainda não sabia, mas também nascia uma nova mãe. A má formação de Miguel era apenas o lábio leporino e a fenda palatina. O obstetra não acreditava no que via, pois o bebê não tinha todos os problemas que ele enxergava nas imagens. Então ele pediu diversos exames ao longo dos cinco dias de internação na UTI neonatal, mas tudo estava dentro da normalidade.

“Eu não duvido do que o médico via no ultrassonografia e nem do profissionalismo dele. Realmente acho que vivi um milagre”, relata Marta.

No puerpério, Marta foi acolhida pela Associação Beija Flor, que cuida de crianças e adultos com má formação facial, oferecendo acompanhamento e cirurgias gratuitamente. Na instituição, ela trocou experiências com diversas mães que passavam pelo mesmo desafio nos cuidados com os bebês.

Hoje, João Miguel já tem três anos de idade, está na creche e no acompanhamento terapêutico para ajudar no desenvolvimento. Além disso, já passou por duas cirurgias, contando com o cuidado e o amor de toda a família. A decisão de ser mãe novamente foi transformadora e veio no momento certo para que surgisse uma nova Marta.

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