Conhecimento em trânsito

Kariziamarques
EntreFios - tecendo narrativas
4 min readJul 18, 2022

Atualmente professor do curso de Jornalismo da UFC, Riverson Rios iniciou sua carreira docente aos 21 anos, no curso de Processamento de Dados da mesma instituição, no qual se graduou

Por Karízia Marques

Riverson Rios é professor do curso de Jornalismo da UFC / Arquivo pessoal

Desde cedo, o jovem Riverson Rios demonstrava-se bastante curioso. Costumava ler o jornal todos os dias para se manter bem informado. Também aguardava ansiosamente pela caixa que mensalmente chegava à sua casa com os produtos vendidos por sua mãe. É que a embalagem vinha embrulhada com jornais de São Paulo. Desempacotava o material cuidadosamente para posteriormente ler o embrulho-notícias. Para ele, era uma garantia de novos conhecimentos.

Aos 3 anos, começou a frequentar a escola e, apesar de não recomendar a precocidade nos estudos, aos 16 já estava prestando vestibular. Nessa época, já decidia se seguiria os rumos da Comunicação, das Línguas ou da Matemática, áreas com as quais se identificava.

“Foi quando conheci um computador de verdade […] e fiquei pensando como seria usar aquele teclado colorido com uma tela cheia de nomes em inglês”. E, assim, naquele mesmo ano, ingressava na UFC, no curso de Processamento de Dados, que mais tarde se transformaria no curso de Computação.

Não à toa, Riverson se encantou pelos computadores por causa do inglês. Desde cedo, começou a ter contato, de alguma forma, com outras línguas e culturas. Mais ou menos aos 13 anos, ganhou de seu pai um rádio de curta frequência e nele ouvia transmissões do mundo inteiro.

Além disso, estudou por anos na escola Redentorista, onde havia professores de diferentes países, como Canadá e Irlanda, e seus sotaques únicos o fizeram se encantar por novas línguas. Hoje conhece inglês, francês, espanhol, alemão, italiano, russo e catalão.

Riverson durante a graduação / Arquivo pessoal

Aos 19, já estava formado e trabalhando como programador e, posteriormente, analista de sistemas do Núcleo de Processamento de Dados (NPD) da UFC. Iniciou os cursos de Estatística e Matemática, mas não os concluiu.

Aos 21 anos, passou no concurso para professor da UFC e logo estava ministrando sua primeira aula como professor do curso de Processamento de Dados, no qual havia se formado.

Contudo, mesmo estando apenas iniciando sua carreira docente, já estava planejando seu mestrado. Fazer mestrado aos 23 anos, no Rio de Janeiro, trouxe-lhe novos desafios, como morar sozinho, fazer uma dissertação e por aí vai.

Contudo, o desafio mais inesperado de todos foi aprender a jogar vôlei. “Para mim, foi paixão à primeira jogada”. O gosto pelo esporte continua até hoje. Mesmo tendo rendido apelidos como “Ruimverson”, ele garante ser um hábito para toda a vida.

De volta a Fortaleza dois anos depois, Riverson continuou como professor na UFC e fundou o Programa de Educação Tutorial (PET) do curso de Computação. Também foi coordenador de curso e chefe de departamento.

Tudo isso durante 5 anos, pois decidiu esperar esse tempo para fazer o doutorado. Nessa nova etapa, sua tese sobre aprendizagem de máquinas foi feita na Université d’Ottawa, no Canadá.

Riverson no Canadá durante o doutorado / Arquivo pessoal

De volta à sua terra natal, mais um desafio à espera: ministrar aulas para uma área diferente da sua, em um novo curso: Publicidade e Propaganda.

“Era a minha chance de aprender mais sobre comunicação, como sempre quis […]. De repente, eu estava não mais desenvolvendo programas, senão trabalhando com o outro lado: usando-os, mas, ao mesmo tempo, discutindo seu impacto na sociedade”, detalha.

Com a criação do Instituto de Cultura e Arte (ICA) da UFC, ele fincaria o pé em definitivo na comunicação, área para a qual sempre demonstrou ter vocação. Já foi coordenador tanto do curso de Jornalismo, como do curso de Publicidade e Propaganda, além de ter fundado o PET de Comunicação.

“Aqui, no Jornalismo, me encontrei e tenho vivido uma nova história, cheia de desafios, como deve ser. Aqui sou feliz também”, considera.

Outro fato interessante da sua juventude foi quando leu um artigo semanal de Itamar Espíndola defendendo o uso mínimo do pronome relativo “que” nos textos, pois deixava a leitura enfadonha e frívola.

Para Riverson, “essa ideia surgiu-me como um desafio, um estilo a ser tentado”. E até hoje procura maneiras de contorná-lo. Pensando nisso, me esforcei ao máximo para escrever este perfil sem o uso do “quê”.

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