A importância da assistência estudantil para a permanência do estudante na universidade
Entre os motivos que contribuem para o baixo índice de brasileiros nas universidades está a situação financeira do estudante, o que afeta também a permanência desses discentes na graduação
Por Stella Almeida
De acordo com o levantamento Education at Glance, publicado pela Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), somente 21% dos jovens brasileiros de até 34 anos concluíram o ensino superior até o final de 2021. O percentual coloca o Brasil como o país com a pior média entre os territórios analisados da América Latina. O levantamento também mostra que apenas 33% dos alunos conseguem concluir o curso no tempo previsto.
Entre os motivos que contribuem para o baixo índice de brasileiros nas universidades está a situação financeira do estudante, o que afeta também a permanência desses discentes na graduação. É pensando nisso que existem os programas de auxílio que visam ajudar o estudante a se manter estável financeiramente durante sua trajetória acadêmica.
A Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (Prae) da UFC é a unidade gestora de políticas para a promoção e apoio ao estudante de graduação vulnerável socialmente. A Prae tem como objetivo incentivar e promover o desenvolvimento discente a partir de ações efetivas nas áreas social, técnico-científica, cultural, política e esportiva, dando condições de acesso e permanência do à universidade. É pensando nisso que o setor acolhe e apoia muitos jovens, principalmente aqueles que não viam um lugar para si na universidade devido sua origem ou condição financeira.
Sendo do interior de Jaguaribe, a estudante Arine Dara, de 20 anos, ficou receosa quando passou para o curso de Jornalismo em 2021 por se tratar de uma graduação feita presencialmente na capital do estado. Vindo de uma família de baixa renda que recebe auxílios do governo, a condição financeira dos parentes não permitia bancar sua estadia em outra cidade, mas foi graças a um benefício providenciado pela Prae que ela pôde vir morar e estudar em Fortaleza.
O benefício recebido pela jovem é o auxílio moradia, recurso destinado ao pagamento de aluguel e despesas de casa, como água e luz. Arine relata que sua presença no curso sem um estágio ou trabalho não seria possível se não fosse a assistência da universidade.
Valdimir Maciel, 28 anos, teve um ponto de partida parecido. Sua jornada universitária somente se tornou realidade com a assistência estudantil. Filho de agricultores de uma fazenda na zona rural de Pentecoste, fazer faculdade sempre foi tido na perspectiva da família do estudante “como coisa de gente rica”.
Ao começar no curso de História, em 2017, ele recebeu a isenção da taxa do Restaurante Universitário e o auxílio moradia temporária, até que conseguisse uma vaga na residência universitária próxima ao campus do Benfica. Além desses benefícios, Valdimir também participou de programas de incentivo estudantil, como a Bolsa de Iniciação Acadêmica (BIA), que abriu seus horizontes dentro da UFC, despertando suas maiores vontades.
Por sua bolsa ter as atividades realizadas no campus do Porangabuçu, onde ficam os cursos da área de saúde, Valdimir teve mais contato com o curso de Medicina. A experiência encantou o rapaz, que passou a almejar estar numa das graduações mais concorridas do País.
“Eu queria ajudar as pessoas, poder ajudar a minha comunidade que sempre foi muito carente com relação a saúde, nunca parava um médico lá e eu queria fazer algo. Eu queria mostrar que eu era capaz, que era possível, sabe? Acreditar nos seus sonhos, que era possível ir além”, afirma o estudante que cursa medicina desde 2020.
Hoje em dia, Valdimir conta com o atendimento psicopedagogo da Prae, assistência médica e psiquiátrica e uma bolsa de programa de extensão. Todos esses benefícios o ajudaram a conseguir ter um bom desempenho acadêmico. Conforme o jovem, a ajuda da universidade abriu portas para o seu futuro e despertaram sua mente em relação às diversas limitações impostas desde sua infância.
Há muitos outros estudantes como Arine e Valdimir, que ainda permanecem estudando exclusivamente por causa do apoio financeiro e psicológico da assistência acadêmica. Por isso, é sempre bom frisar a importância dessa política que é um direito dos jovens de todo Brasil, conquistado pela luta estudantil de movimentos engajados para permitir que a universidade realmente seja um lugar para todos, independente de condições socioeconômicas.
Edição: Danrley Pascoal
