Segunda temporada de “Eu Nunca…” mantém essência da primeira

Leticia Maia
EntreFios - tecendo narrativas
3 min readAug 4, 2021

[RESENHA] Nesta nova temporada, Devi Vishwakumar (Maitreyi Ramakrishnan) tem o conhecido desafio de escolher entre dois rapazes, o nerd superrico e o atleta popular

Por Leticia Maia

Devi entre o popular Paxton e o nerd Ben / Divulgação/Netflix

Desde o começo, a proposta de uma série teen nada convencional é entregue por “Eu Nunca…”, e o enredo continuou com essa essência na segunda temporada.

Devi Vishwakumar (Maitreyi Ramakrishnan) é uma adolescente americana de origem indiana e, nesta nova temporada, tem o conhecido desafio de escolher entre dois rapazes, o nerd superrico Ben Gross (Jaren Lewison) e o atleta popular da escola Paxton Hall-Yoshida (Darren Barnet). Mas claro que Devi, conhecida principalmente por tomar decisões ruins, não poderia fazer uma escolha óbvia e a garota decide namorar os dois rapazes ao mesmo tempo.

A série criada por Mindy Kaling e Lang Fisher é de comédia, só que o enredo aborda diversos temas importantes como machismo, racismo, homofobia e distúrbios alimentares. Além de mostrar como a protagonista Devi foi afetada psicologicamente pelo luto após a morte do seu pai, Mohan (Sendhil Ramamurthy), nos novos episódios vemos que Devi continua tomando decisões erradas para poder escapar de sentimentos que ela se recusa a enfrentar. Tudo piora com a chegada da nova personagem Annesa (Megan Suri), outra aluna americana de origem indiana que Devi acaba encarando como uma ameaça.

As histórias dos personagens secundários também são muito bem trabalhadas e trazem uma certa leveza para os conflitos caóticos da protagonista. No terceiro episódio, temos um “ponto de vista” todo especial dedicado ao personagem Paxton Hall-Yoshida narrado pela famosa modelo Gigi Hadid, como aconteceu com o Ben Gross na primeira temporada, que foi narrado pelo ator Andy Samberg.

Paxton é atleta, bonito e popular, assim um clássico galã de série adolescente. No episódio com seu “ponto de vista”, podemos ver finalmente como é o personagem além desse estereótipo, uma proposta que a série sempre entrega muito bem para o público. Conhecemos mais sobre a família Hall-Yoshida e quais são as problemáticas que Paxton enfrenta, o que acaba aprofundando a visão que antes tínhamos do personagem.

Além de Paxton, temos diversas outras histórias interessantes, a exemplo do relacionamento entre Fabíola e Eve (Lee Rodriguez e Christina Kartchner), os problemas enfrentados pela mãe de Devi (Poorna Jagannathan) e da prima Kamala (Richa Moorjani). Essa última busca se destacar como uma mulher cientista enquanto também tenta manter as tradições de sua cultura.

O núcleo de Kamala é bem-humorado e ao mesmo tempo crítico. A prima de Devi passa pelo desafio de ter que fazer diversas coisas desde mentir que gosta de Kpop até fazer cosplay para poder bajular o chefe do seu laboratório de pesquisa que faz de tudo para excluí-la, devido a isso conseguimos ver uma grande evolução nas atitudes da personagem ao enfrentar momentos de machismo e misoginia no ambiente de trabalho.

Assim, a série vai sempre transitando sobre o que estamos acostumados a ver em séries teen e diferentes formas de abordagem, sempre tentando desconstruir algum estereótipo e pautar temas importantes.

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