“Eu tenho que publicar! Eu quero saber se eu escrevo!”

Evellyn Gislene
EntreFios - tecendo narrativas
4 min readDec 7, 2022

A escritora cearense Lara T. Vainstok conta um pouco da sua jornada com a literatura, suas influências e o lançamento do seu livro Castelo de Areia na Bienal do Livro do Ceará

Por Evellyn Gislene

“Ver as pessoas olhando para mim e dizendo ‘eu quero fazer algo assim’ ou só olhando e sentindo o que eu tava sentindo isso aí foi quando… Eu tô aqui arrepiada”, diz, tentando mostrar o braço para mim pela tela do celula.

“Eu sempre fico muito emocionada quando falo disso porque eu sei que foi naquele momento em que eu parei e me tornei alguém para aquela pessoa, sabe? Já tem algum tempo que eu descobri que a vida é sobre essas pessoas que passam pela gente”, relata Lara com a voz embargada após eu perguntar como foi para ela lançar Castelo de Areia, seu primeiro livro em formato físico, na Bienal Internacional do Livro do Ceará.

Lara Teixeira Vainstok tem 22 anos, é escritora desde os 13, mesmo que, segundo ela mesma, nessa época ela ainda não acreditasse que era escritora. Lara ainda é, também, estudante de Direito na Universidade Federal do Ceará (UFC). Perguntei o porquê do Direito, algo tão diferente da literatura, que era algo que ela tinha certeza há tanto tempo. Ela respondeu que o curso surgiu como opção nos últimos minutos da inscrição no Sisu, mas que ela tem muito orgulho de fazê-lo e que o mesmo a faz muito feliz.

Lara T. Vainstok / Instagram

A literatura e a arte já estavam presentes desde o início da vida de Lara. Ela conta que a mãe, Ines Cristina Teixeira, juntava ela e o irmão, Pedro Vainstok, e liam juntos. Esse esforço da mãe de apresentar a arte para os filhos deu retorno, gerou dois artistas: uma escritora e um músico.

Esse incentivo da família foi contínuo na vida de Lara. Ela relata que aos 13 anos, quando falou para a mãe que iria escrever uma trilogia de livros de fantasia, a mãe deu total apoio e leu, durante nove anos, todas as versões já existentes do Castelo de Areia.

O posicionamento da mãe e do irmão foi fundamental no longo processo de escrever e lançar o livro. Processo que durou aproximadamente nove anos entre a construção da ideia a partir de um trabalho do colégio e o lançamento de forma independente na Bienal do Livro.

Lara T. Vainstok e mãe / Instagram

Lara conta que o processo de produção não foi fácil, que não fluiu como sonho e que muitas vezes teve que separar a Lara emoção da Lara razão para seguir trabalhando no livro. Da escrita final para o lançamento na Bienal, foram mais de um ano. Quando pegou no livro pela primeira vez, não chorou, mesmo sendo muito chorona, segundo ela, mas que toda essa emoção veio na hora do lançamento na Bienal.

“Sou só eu, eu não sou um super humano, eu sou só a Lara e só a Lara foi muito mais do que suficiente para fazer muitos olhos brilharem como o meu brilha e sempre que alguém dizia “vou dizer que conheci a Lara antes de ficar famosa!” ou “nossa é a Lara!” eu dizia “mulher pelo amor de Deus!” Eu não quero a fama, eu quero isso, eu quero olhar para as pessoas e elas falarem “eu vou voltar a escrever hoje” é isso que é bom são as pessoas que tão perto da gente”, diz Lara enquanto lembra dos leitores que conversaram com ela durante o evento.

Para a Lara do passado, ela diz que não falaria nada, no máximo diria para ela seguir o caminho. Ela ainda diz que “fuxicaria quem são as pessoas com o coração mais lindo, para passar uma vez no caminho dela e dissesse alguma coisa que fizesse a diferença, eu faria isso, porque nada que eu dissesse para mim mesma me convenceria de que eu consegui tudo que eu consegui”. Ela ainda diz que a Lara do presente também não acreditaria em algo que a Lara do futuro disse para ela hoje.

Lara T. Vainstok tem muitos planos para o futuro, sejam os mais pé no chão, como terminar a faculdade, lançar os outros livros da trilogia, fazer a prova da OAB e um concurso; sejam os mais distantes da realidade. Esses eu torço para que se realizem, mas deixo que a própria Lara conte para quem ela quiser.

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Evellyn Gislene
EntreFios - tecendo narrativas

Estudante de Jornalismo amante de cultura pop e coisas do tipo