O poder solar de Lorde

Carolina Galvão
EntreFios - tecendo narrativas
2 min readSep 2, 2021

[RESENHA] Retornando à vida pública após quatro anos reclusa na Nova Zelândia, a cantora Lorde lança Solar Power, seu terceiro álbum de estúdio

Por Carolina Galvão

Imagem de divulgação do álbum Solar Power / Reprodução/Instagram

Lançado em 20 de agosto, Solar Power (Poder Solar, em uma tradução literal) é o terceiro álbum de estúdio da cantora neozelandesa Lorde e marca o retorno da artista após um hiato de mais de quatro anos.

Com três singles — “Solar Power”, “Stoned at the Nail Saloon” e “Mood Ring” — , o álbum teve sua estreia no 5º lugar da ‘Billboard 200’, vendendo 56 mil cópias nos Estados Unidos e fazendo 28 milhões de reproduções no país.

Criando uma atmosfera completamente diferente da feita em seus dois primeiros sucessos — Pure Heroine (2013) e Melodrama (2017) — , Lorde entrega seu álbum novo com 12 faixas compostas por ela própria, mostrando um lado seu que não estávamos habituados a ver. Em uma demonstração do como experienciou uma vida mais tranquila na Nova Zelândia, ela traz um lado mais otimista sobre o futuro, maduro e reflexivo e sobre seus últimos anos longe dos holofotes.

Vencedora mais nova da história do Grammy na categoria “Canção do Ano” — sendo esse o maior prêmio de composição da indústria musical, com a música “Royals” — , a versatilidade da cantora se faz presente em Solar Power. Muito diferente do que já havia produzido em seus dois últimos álbuns, ainda é possível reconhecê-la na sua capacidade de retratar as oscilações de sentimentos experienciados na juventude e na composição marcante de suas letras, que a consagraram na indústria musical desde o primeiro momento.

Deixando de lado o instrumental intenso e urbano presente em seus trabalhos anteriores, Solar Power possui uma certa monotonia em suas melodias. Sem muita variedade de instrumentos e efeitos sonoros, contando somente com alguns arranjos simples no violão e sua voz limpa, Lorde nos leva em direção à sua jornada pela autodescoberta, por seus conflitos internos causados pela fama, expectativas de terceiros, uso de drogas e fins de relacionamento, demonstrando todo o orgulho e respeito que a mesma tem pela pessoa que era ao criar Pure Heroine e do crescimento pessoal obtido com as experiências que motivaram o Melodrama.

O aspecto quase místico, tranquilo e suave das canções que compõem Solar Power demonstram seu conforto e sua satisfação em relação a seu processo de amadurecimento.

Now the cherry black lipstick’s gathering dust in a drawer
I don’t need her anymore
’Cause I got this power

Completando 25 anos em breve, Lorde é uma artista que espelha bem a linha do tempo das transformações pessoais de sua geração. Colocando sua vontade pessoal em primeiro lugar, Lorde apresenta Solar Power em uma direção completamente diferente daquilo que é esperado musicalmente da cantora, sem, contudo, ser menos valioso.

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