Paixão por ensinar e por torcer

Esaú Souza
EntreFios - tecendo narrativas
3 min readApr 9, 2021

O professor Marcelo Leão fala sobre sua relação de anos e anos com a Geografia e com o Fortaleza Esporte Clube

Por Esaú Souza

Foto de Marcelo Leão tirada durante uma aula / Arquivo pessoal

Dizem que a infância é capaz de determinar os gostos de uma pessoa pelo resto da vida. No caso de Marcelo Leão, natural de Fortaleza, não foi diferente. Desde seus primeiros anos, morando em Messejana, ele já tinha em mente as coisas que queria levar para o futuro, como parte de sua identidade.

A geografia era vista como uma forma de mudar o lugar onde morava e as pessoas de lá. Paixão antiga, daquelas em que o potencial fica nítido já no começo. Assuntos como geografia política e conceitos populacionais eram mais do que algo a se estudar. Era como divertimento. E não era por falta de opções, já que Marcelo sempre gostou de filmes, séries, desenhos e documentários.

Ser professor era claramente o caminho a ser seguido. Hoje, já são mais de 10 mil pessoas que estiveram em suas aulas. O sentimento de agregar conhecimento a tanta gente, de forma tão positiva, é o que movia essa ideia desde muito tempo atrás. A cada ano que se passa, a cada turma aprovada, fica a sensação de dever cumprido. É significativo ser lembrado por alunos que dizem que a geografia ficou mais legal com suas aulas.

Hoje, o isolamento social provocado pela pandemia de Covid-19 afetou a forma de ensinar. Agora é virtual, sem aquele contato presencial, quando a ideia é trocada de forma mais simples. Mesmo assim, a vontade de dar aula não muda. O ensino a distância (EaD) é o maior desafio de sua carreira e a missão é tentar humanizar a máquina. As ferramentas até mudam, mas a intenção é a mesma de quando era criança. Dar aula sem ter uma abordagem simpática é praticamente ilógico.

Entre várias marcas na forma de ensinar, a paixão pelo Fortaleza era clara. Aparecia nos pincéis fazendo alusão às cores do clube, na hora de escrever na lousa e nas histórias contadas entre uma pausa e outra enquanto os alunos copiavam. O quadro poderia parecer bagunçado para quem via de fora, mas era totalmente compreensível para quem estava ali.

O time Fortaleza já é paixão antiga do professor Marcelo Leão / Arquivo pessoal

A relação com o clube vem da infância, lá pelo início dos anos 1990, e permanece forte. Marcelo já frequentou inúmeros jogos na cidade, no estádio Castelão, e acompanhou o clube fora do estado várias vezes. Cita com carinho a vitória contra o Santa Cruz, em Pernambuco, na Copa do Nordeste de 2013. Partida marcante, atmosfera única.

Jogadores e técnicos especiais, que fizeram parte de tantos momentos, não ficam de fora. Rogério Ceni, Clodoaldo, Tinga, Rinaldo, Sandro Gaúcho e Marcelo Boeck são alguns dos nomes citados. Nem todos são ídolos do clube, mas são importantes na sua jornada como torcedor.

A relação com o Fortaleza é tão grande que vai ser registrada. Ainda na escola, já era chamado de Marcelo “Leão”, como uma referência ao animal-símbolo do time. O nome ficou de vez e virou até sobrenome profissional. Depois da pandemia, os papéis serão assinados (se possível com caneta azul ou vermelha) e vai ser oficial.

Entre tantas coisas a destacar em uma história assim, fica a questão da paixão. Pelo que é feito, pelo que se acompanha, pela trajetória construída com tantos alunos. É isso que move as pessoas que querem mover o mundo ao seu redor.

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Esaú Souza
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Estudante de jornalismo e fã de esportes, quadrinhos, séries e cinema.