Um renascer

Julia Moura
EntreFios - tecendo narrativas
4 min readJul 19, 2022

Após um ano do sucesso da cirurgia que mudaria sua vida para sempre, a jovem cearense Luany dos Santos relembra momentos marcantes de sua trajetória e de luta contra a escoliose

Por Julia Moura

Luany posa com a beca de formatura do ensino médio técnico / Arquivo pessoal

Luany dos Santos nasceu em 13 de fevereiro de 2003, no município de Cascavel, no Ceará, onde reside até hoje. A mais velha de seis irmãos, filha de Lúcia de Fátima e Roberio da Silva, Luany enfrentou grandes batalhas mesmo quando ainda estava no ventre de sua mãe.

Após contrair uma infecção urinária, a mãe da jovem viu seu maior motivo de felicidade se transformar em um constante temor. Isso porque, após ser internada nove vezes em um curto período de oito meses, os médicos desenganaram a gravidez, alegando risco de Luany nascer sem vida ou cega. Entretanto, para a alegria da família, Luany nasceu saudável, forte e enxergando.

Contudo, aos 5 anos de idade, Luany foi diagnosticada com pneumonia, o que afetou diretamente sua vida e, consequentemente, sua saúde. Para a jovem, o que aparentemente tinha sido passageiro teve reviravolta no ano de 2015.

“Os anos se passaram e já estava tudo voltando ao normal, até quem, em 2015, várias doenças começaram a surgir. Eu passava por sete tipos de especialistas diferentes, mais tudo piorou quando eu descobri a escoliose”, relata.

De início, aparentemente, não era nada grave. A coluna de Luany tinha 33º graus de curvatura e, assim, foi informado pelo médico que a jovem precisava usar um colete ortopédico (Milwaukee) para a correção da coluna. No entanto, o que Luany não imaginava era que, por conta de um erro médico, sua vida corria grande risco.

Mesmo após um ano usando o aparelho ortopédico, a jovem ainda se queixava de fortes dores na coluna, além de não haver melhora, e sim piora de sua situação. Foi então que Luany resolveu, por sua conta, procurar um novo especialista, que lhe deu a pior notícia.

“Por um erro médico, eu estava usando o aparelho errado e, por conta disso, minha coluna passou de 33° para 97° de curva. Mas não parava por aí: por conta do grau avançado, eu estava ficando paraplégica, meus órgãos estavam sendo esmagados pela coluna, já havia perdido 60% da capacidade respiratória, e minha única saída seria passar pela cirurgia de escoliose”, detalha.

O custo para a cirurgia era de R$ 250 mil reais e, pelo Sistema Único de Saúde (SUS), a fila era extensa. Levando em consideração que o quadro de gravidade de Luany era alto, se em pouco tempo ela não fosse operada, seus órgãos poderiam ser perfurados pelos ossos de sua coluna, levando a óbito.

Mas foi em junho de 2021, depois de sentir uma forte dor na perna esquerda, que fez com que passasse três dias sem andar, que Luany recebeu a triste notícia no hospital de que havia perdido quase 100% de sua mobilidade e que, em duas semanas, estaria de cadeira de rodas.

“Ali eu já me vi sem esperanças. Mas o que eu não sabia é que até aquela dor era Deus quem havia permitido, porque, naquele momento, o doutor saiu da sala em que estávamos e voltou com mais três médicos e disse: ‘Luany, nós conversamos muito e decidimos que semana que vem você será operada. Não há mais o que esperar e lhe passaremos na frente’”, relembra.

Então, no dia 7 de julho de 2021, às 8h30, Luany entrava na sala de cirurgia para dar início a uma nova fase em sua vida. Foram quase nove horas em operação. A jovem detalha cada processo que foi realizado em seu corpo.

Foram “24 pinos de titânio colocados em minha coluna, duas hastes, quatro costelas retiradas, mais de 25 horas entubada e sedada, um dia de UTI e sete dias internada. E, assim como um bebê, eu também tive que reaprender a andar, sentar, abaixar e outras que até hoje não consigo”, enumera.

Depois de um ano de sucesso da cirurgia, a jovem comemora sua recuperação de forma gradual. Hoje Luany vive seu milagre e está estagiando para a conclusão de seu curso técnico em guia de Turismo e segue no foco para viver seus objetivos, que é cursar jornalismo.

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