A garra para superar adversidades

Ana Lúcia Silva Sena é mais uma entre muitas mulheres que, ainda na infância, tiveram de se fazer maduras e resilientes

Por Helder Sena Júnior

Ana Lúcia Silva Sena, a Aninha, lendo a Bíblia / Foto: Helder Sena

Aos oito anos de idade, Ana Lúcia Silva Sena, a Aninha, apelido carinhoso como gosta de ser chamada, sofreu o abandono de sua mãe. Pouco tempo depois, seu pai também a largou junto de seus três irmãos na cidade de Tianguá, no Ceará. A mais velha entre os quatro, Aninha, mesmo muito nova, precisou cuidar deles quando quem mais precisava de cuidado era ela mesma. Afinal, quem cuida de quem cuida dos outros?

A vida impôs mais um duro golpe quando o destino de Aninha foi separado de seus três irmãos. Em sua pré-adolescência, quando muitos indivíduos dessa faixa etária estavam brincando, como deveria ser, Aninha teve que assimilar essas pancadas e sobreviver.

Assim, em Fortaleza, foi submetida a um trabalho análogo à escravidão para ganhar o pão de cada dia. Sob tais circunstâncias, não conseguiu se aprofundar nos estudos. Com 55 anos, ao relembrar essas histórias, seus olhos derramam lágrimas. Ao mesmo tempo, respira aliviada por esse contexto ser apenas uma memória, e não mais o seu cotidiano.

Uma nova fase de sua vida foi inaugurada depois que se apaixonou. Casou com seu primeiro namorado e, dessa relação, teve dois filhos, os quais tiveram valores preciosos repassados, assim como um item fundamental: a presença.

Apoiar a pessoa que você ama quando ela mais precisar. Isso faz diferença. A própria vida dela não teria sido tão complicada se a presença dos pais tivesse sido mais constante. Talvez esse seja o motivo de ela desejar que seus filhos não sentissem a menor falta disso.

Depois de momentos em que a força de vontade e o espírito guerreiro que ela apresenta foram essenciais para superar adversidades, chegou a hora de aproveitar mais o lado positivo da vida.

Mais quatro filhos vieram. Dessa vez, cachorros. Magali, Bolinha, Scooby e Pantera. Sempre com o mesmo entusiasmo, os quatro recebem Aninha depois de cada dia cansativo de trabalho.

Sair com a família é uma programação que agrada Aninha, independentemente de como esteja seu humor.

Ver que as plantinhas que ela rega e com as quais conversa todos os dias estão se desenvolvendo cada vez mais também proporciona muita felicidade para Aninha.

Sua conexão e devoção com a religião católica é muito bonita e a ajuda em todas as ocasiões vivenciadas, sejam boas ou ruins. A Bíblia é sua companheira inseparável, e a fé de que dias melhores virão é uma crença insubstituível.

Após períodos turbulentos, é assim que a inspiradora mulher aproveita sua vida, com o aprendizado do passado, as razões de sua felicidade no presente e a confiança de um futuro melhor.

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