Victoria’s Secret anuncia mudanças, mas polêmicas não param de surgir

Leticia Maia
EntreFios - tecendo narrativas
3 min readAug 4, 2021

[ARTIGO] De declarações problemáticas de ex-modelos e funcionárias, a grife de lingerie já está cheia; não podemos esquecer que dois de seus idealizadores estão ligados a acusações de misoginia, intimidação e assédio

Por Leticia Maia

As modelos comemoram no final do desfile de moda Victoria’s Secret 2017 em Xangai. REUTERS / Aly Song

O anúncio das mudanças que a grife de lingerie Victoria’s Secret resolveu adotar para se manter no mercado ainda é recente, porém polêmicas envolvendo a marca não param de surgir.

A última foi devido aos vídeos da modelo Bridget Malcolm que se tornaram viral no TikTok. A modelo relatou nos vídeos os diversos abusos que sofreu logo no início da carreira e como afetaram sua saúde mental, além de revelar que ela não era saudável e que estava abaixo do peso quando desfilou no Victoria’s Secret Fashion Show em 2016. Já no ano seguinte, a modelo declara que não foi chamada novamente para o desfile porque disseram que “o seu corpo não era bom o suficiente”.

De declarações problemáticas de ex-modelos e funcionárias, a Victoria’s Secret já está cheia. Não podemos esquecer que os dois principais responsáveis por tornar a marca o que é hoje, Ed Razek e Leslie Wexner, estão ligados a inúmeras acusações de misoginia, intimidação e assédio. Assim ficou cada vez mais evidente que, se a marca continuasse como estava, não iria durar muito. O mundo da moda evoluiu, e a exigências do público também, mas o show continuou seguindo sem nenhuma alteração nos padrões de beleza das modelos.

Quando questionado sobre a falta da presença de modelos plus size no desfile, o agora ex-diretor de marketing Ed Razek respondeu: “Se nós consideramos colocar uma modelo plus size no desfile? Sim, nós consideramos. Tentamos fazer um especial de TV com plus sizes [em 2000]. Ninguém se interessou e ainda não se interessam”.

Quando lhe foi questionado sobre modelos trans, Razek foi direto: “Não acho que deveríamos ter modelos transgêneros no desfile. Porque o desfile é uma fantasia. É um especial de TV de 42 minutos”. Uma fantasia para que público? Devido a declarações preconceituosas como essas, a marca sofreu diversos boicotes, e o desfile foi perdendo cada vez mais audiência.

Marca de Rihanna

A cantora Rihanna, então, lançou sua marca de lingerie, a Savage x Fenty, que foi o golpe final na até então consagrada Victoria’s Secret. Logo no primeiro desfile da marca, a diversidade de pessoas e peças foi o que não faltou, não só no desfile como em catálogos, sites e propagandas. O sucesso foi tão grande que os desfiles já lançados viraram especiais na Amazon Prime, e as vendas também não param de crescer. Segundo a Forbes, embora a empresa tenha sido lançada em 2018, Savage X Fenty já está em posição de chegar à liderança global no mercado de lingerie até 2025. Só em 2020, o crescimento em vendas foi de 200%.

Rihanna lançou sua mensagem: mostrar inclusão e diversidade quanto ao que seria ser “sexy” em uma marca de lingerie vende, sim. Com o começo da era Savage x Fenty, a Victoria’s Secret não teve outra saída a não ser mudar. Se essas transformações vão ser significativas, ainda vamos ver. Os cargos de liderança da marca ainda continuam sendo ocupados em sua maioria por homens, mas podemos ter um pouco de esperança com a criação do VS Colletive.

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