Videogames e causas sociais

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Advogado e pesquisador de jogos eletrônicos, Anderson do Patrocínio, de 36 anos, busca deixar um impacto significativo na sociedade em que vivemos, seja por meio da advocacia, seja pela sua pesquisa científica

Por Luis Otavio Filho

Anderson do Patrocínio / Acervo Pessoal

Natural do ABC paulista, Anderson começou a se interessar por ajudar pessoas e questões sociais na adolescência, período em que começou a estudar as áreas de humanidades e ver que existiam outras opções para alguém advindo do mesmo contexto social que ele, um estudante que nasceu e cresceu na periferia.

“Eu não queria trabalhar no comércio do bairro, não queria trabalhar na fábrica do bairro, não queria trabalhar com essas coisas. Eu queria ter um trabalho que, na verdade, tivesse algum impacto na vida de quem estava inserido nesse contexto”.

Após alguns anos de estudo, encontrou na advocacia algo que conseguia satisfazer seus anseios pessoais e, ao mesmo tempo, ajudar pessoas e as causas sociais que apoia, descrevendo a decisão como uma evolução de sua vontade e seu estudo na área.

Seu interesse por videogame começou na sua infância, sendo essa “a forma de entretenimento a que mais me dediquei ao longo da vida. Nunca deixei de jogar videogame”, explica. A partir desse interesse, veio sua vontade de estudar os jogos digitais, em especial a interseção da mídia com a política, de forma acadêmica veio um meio de realizar um sonho pessoal: ser professor.

“Eu sempre quis dar aula. Pra quem veio da minha realidade, ser professor é uma coisa sempre muito forte pra quem tem essa vontade de seguir na área de humanidades, de maneira geral. […] Eu comecei a pensar em objetos para serem pesquisados e que tinham a ver com a minha realidade”.

Um dos motivos principais para começar nos estudos de jogos foi a criação do perfil “Gamer Antifa” no Twitter, onde ele buscava trazer discussões ao redor dos videogames e seus efeitos na sociedade como um todo. Ele percebeu que tinha muitas outras pessoas que dividem esse interesse, o que fez ele estudar ainda mais essas discussões e procurar um mestrado em Comunicação, Política e Tecnologia, pesquisando as interseções políticas de mídias audiovisuais, principalmente videogames.

“Eu gosto muito de música, eu gosto muito de cinema, mas eu gosto muito mais de videogames do que essas coisas, então faz total sentido para a minha realização”.

Atualmente, está dividindo seu tempo entre advogar, seu mestrado e um projeto paralelo chamado Regras do Jogo, um podcast de estudo de jogos focado em espalhar discussões e reflexões em torno do assunto. Com isso, deixa um conselho para quem busca ingressar na área de pesquisa acadêmica:

“E vão seguir um caminho que não é fácil, ele é cheio de percalços e, em muitos momentos, a gente parece que não tem sequer as ferramentas mínimas para trabalhar, porque não é fácil fazer ciência no Brasil. Mas, ao mesmo tempo, é muito gratificante você poder saber que contribui ao amadurecimento da pesquisa de algo que você gosta muito”.

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