Young Royals: entre o amor e o dever

Arthie Almeida
EntreFios - tecendo narrativas
3 min readJul 29, 2021

[RESENHA] Lançada em 1º de julho pela Netflix, a série sueca de seis episódios conta a história do jovem príncipe Wilhelm, que lida com as ambições da sua nação em meio a uma jornada de autodescoberta

Por Stella Almeida

Simon e príncipe Wilhelm / Reprodução: Netflix

Ser da realeza, para muitos, é sinônimo de privilégio e luxo. No entanto, para o jovem príncipe Wilhelm, que lida com as ambições tradicionais da sua nação em meio a uma jornada de autodescoberta, é totalmente o contrário.

Young Royals é uma produção sueca de seis episódios que estreou em 1º de julho e, diferentemente de várias séries de drama adolescente da Netflix, mostra ser bem mais do que apenas um romance clichê.

A história tem como foco a vida de Wilhelm, o filho caçula da família real sueca, que, após se envolver publicamente em uma briga, é forçado a estudar no Hillerska, o prestigiado internato onde o seu irmão mais velho, Erik, o príncipe herdeiro, se instruiu.

No novo colégio, ele tem que conviver com os filhos de famílias importantes do país, incluindo August, seu primo de segundo grau, para manter sua reputação como príncipe. Contudo, sentindo-se completamente inarmônico no ambiente, Wilhelm se aproxima de Simon, um estudante de uma família simples, por senti-lo tão deslocado quanto ele.

Dessa amizade, então surge um sentimento romântico contra o qual o príncipe tenta a todo o custo lutar. No entanto, Wilhelm se vê sem saídas, ao passo que uma reviravolta em sua vida o coloca em foco principal na linha de sucessão do trono real, tendo que lidar com toda a sociedade assistindo-lhe decidir entre cumprir seu dever ou seguir o coração.

Young Royals, porém, não centraliza apenas no descobrimento e no romance dos dois garotos protagonistas, mas também busca abordar questões como problemas psicológicos, desigualdade social e pressão familiar. Além disso, apesar das inúmeras comparações com a trama de Elite (2018), a série sueca traz visuais mais naturais e realistas dos adolescentes, fugindo dos padrões de beleza ao não esconder as espinhas com maquiagens pesadas e normalizando corpos diferentes, sem ter que forçar adultos de 27 anos interpretando alunos do ensino médio.

A estética impecável dessa produção não é algo que passa batido. É perceptível que os produtores se preocuparam com pequenos detalhes, como a oposição do ambiente calmo com a trilha sonora “barulhenta” e os figurinos, em especial do casal principal que aparentam ter uma paleta de cores definida que contrastam um com o outro, tons frios contra tons quentes, o que pode ser interpretado de forma a realçar as diferentes personalidades de Wilhelm e Simon e, talvez isso, até mesmo seja algo subliminar para dizer que eles se completam.

Contudo, isso falo de forma bem piegas, pois, como uma pessoa que experienciou uma explosão de sentimentos a cada segundo de tela das duas vezes que assistiu, é impossível controlar as emoções diante da química entre os protagonistas e ao enredo desenvolvido de maneira tragicamente bonita.

Por fim, Young Royals é uma história de um amor impossível, que aponta como lidar com um mundo falso e de aparências, realçando sentimentos reais, quase palpáveis, através de uma história emotiva e comovente entre dois adolescentes que procuram a igualdade e liberdade para serem autênticos.

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