A distância em um clique

Isabel Dutra
entrelacados
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4 min readJun 24, 2020

Das cartas para as chamadas de vídeo, a tecnologia que aproxima.

Isabel Dutra

Distantes. A tecnologia une pai e filho — Crédito: Vinicius Petry/Divulgação

Alguns muitos quilômetros de distância podem separar pais de filhos, avós de netos, além de irmãos e amigos. Para quem fica, resta o anseio por notícias daquele que está ausente. Manter o contato quando se está afastado de pessoas próximas é crucial para amenizar a saudade. Por gerações, o ser humano sente a necessidade de se comunicar e a evolução tecnológica tem oportunizado ferramentas para isso.

Se antigamente eram as cartas que supriam essa necessidade, passando pelo telefone e outros meios, agora há as chamadas de vídeo. E tudo por meio de um smartphone. A comunicação acrescida de imagens pode fazer com que a distância geográfica desapareça, evitando outros sentimentos como, por exemplo, angústia e depressão.

Chamadas de vídeo

As chamadas de vídeo, redes sociais e os muitos aplicativos de mensagem instantânea facilitam a comunicação moderna e trazem para perto quem está longe. Vinícius Petry, de 31 anos, é um porto-alegrense que está há nove meses em viagem pelos Estados Unidos. Ele usa a tecnologia para amenizar a saudade do filho de apenas três anos. “A parte mais complicada é ficar longe da família. A gente se sente sozinho, mas graças a Deus hoje temos as chamadas de vídeo e o WhatsApp que nos ajudam a contornar a situação”, relata Petry.

A criatividade ajuda a manter os vínculos entre pai e filho. Durante as ligações com imagens, uma das estratégias é não deixar de lado as brincadeiras. Além do esconde-esconde, até mesmo tiro ao alvo é feito por meio de um smartphone.

Imaginação na hora de brincar — Crédito: Vinicius Petry/Divulgação

Emoções

A lembrança daqueles que estão longe pode despertar o sentimento de solidão. Segundo a psicóloga Vanessa Pires, o distanciamento gera o sentimento de preocupação e deve ser enfrentado com o contato frequente. Entre as novas tecnologias que surgem a todo momento, a forma mais eficaz e rápida adotada hoje em dia é a vídeo chamada. Acessível a todos que possuem um celular, a ferramenta possibilita o contato com amigos e familiares.

A distância pode provoca muitas emoções. A psicóloga Vanessa destaca que as mais frequentes são saudade, sensação de frustração, medo, ansiedade e depressão. Hoje, a evolução tecnológica possibilita o uso de várias ferramentas para aproximar as pessoas. E tudo está a um clique. Vanessa diz que refletir o motivo da distância e valorizar os momentos de convívio são medidas importantes para amenizar sentimentos relacionados prejudiciais à saúde física e mental.

Dicas da Psicóloga Vanessa Pires — Crédito: Isabel Dutra

Ainda cartas

No passado, a forma mais comum de se manter conectado a outras pessoas era através das cartas, especialmente de cunho pessoal. A correspondência escrita em papel era o principal meio de comunicação. E mesmo durante a modernidade, ainda tem pessoas que não recebem só boletos ou avisos pelos correios. Gislene Alves da Silva, de 35 anos, mora em Paragominas, no Pará, e recebe regularmente cartas de sua mãe, Santa Lourdes Alves da Silva, de 70 anos, residente em Viamão. Elas estão distantes 3.702 quilômetros. Segundo Gislene, as cartas são a forma mais afetiva de manter o contato com a Santa. A sua mãe sofre com a doença de Alzheimer e não tem acesso aos aplicativos. “As cartas não levam só notícias, mas incentivam minha mãe a ler e a sempre lembrar de mim”, explica Gislene.

Cartas ajudam a preservar a memória — Crédito: Gislene Silva/Divulgação

Alertas

Mas a psicóloga Vanessa que tudo na vida tem um outro lado e o mesmo ocorre em relação ao excesso de tempo conectado. Para ela, a tecnologia que une também pode afastar. Então, a especialista recomenda que as pessoas precisam reconhecer o problema e criar regras para moderar o uso do smartphone. As medidas valem também para quem utiliza o celualr para trabalhar ou aumentou o período conectado durante a pandemia causada pela covid-19. Para auxiliar o contato entre amigos e familiares, há no mercado vários aplicativos, mas três deles são os mais utilizados para realizar as chamadas de vídeo: os conhecidos WhatsApp, Facebook e Instagram.

Aplicativos — Crédito: Isabel Dutra

A primeira vez

Conversar à distância por meio de imagens pode parecer uma atividade moderna, mas há mais de meio século acontecia a primeira videoconferência do mundo. No dia 20 de abril de 1964, a empresa AT&T apresentava o “Picturephone” em New York, nos Estados Unidos. Na ocasião, uma pessoa precisava se deslocar até a sede da empresa e pagar o valor aproximado de R$ 1,3 mil para utilizar o aparelho, que só fazia transmissão em preto e branco e com o tempo limitado de apenas quinze minutos. Devido aos custos, a invenção não obteve o sucesso esperado. Mas a internet possibilitou que a ideia fosse adaptada e agora com apenas um clique é possível conversar com as pessoas em qualquer lugar do mundo.

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