A menina solitária

Ingrid Souza
Entre Resenhas & Poemas
2 min readFeb 16, 2022

A menina solitária quando tem um encontro casual ela aproveita cada segundo como se fosse o último, pois nunca se sabe quando terá essa chance novamente. Ela quer um relacionamento, mas não encontra alguém que a compreenda, que entenda os seus jeitos de ser.

Ela vai ao cinema sozinha, cansou de fazer convites e todos estarem ocupados demais pra aceitar, quando alguém aceita não quer assistir o filme que ela quer. Ela faz o horário e as escolhas dela.

Ela vai ao show sozinha, é muita ansiedade ter vontade de ir no show da banda favorita só que quem ela conhece que curte a banda não costuma ir em shows ou não tem tempo. Ela grita, chora, pula e aproveita o show com estranhos no qual ela não vai nem lembrar o nome no dia seguinte. O que vale é não perder o momento.

Ela deixou de fazer viagens planejadas por falta de dinheiro e motivação dos outros. Mas no fundo ela nunca é escolhida pra ir nesses lugares, só é interessante quando o amigo ou amiga está solteiro e quer um ombro pra chorar. Diversão demais não entra nos requisitos que ela pode entrar.

Mas ela cansou. Cansou de esperar, de se esforçar de viver a própria vida por aprovação e presença dos outros.

Ela cansou de contar quantas vezes tomou café sozinha, almoçou sozinha e bebeu só. Ela se entende, compreende a própria companhia. Afinal são tantos anos de solidão. É independente, se vira como pode até porque ela nasceu sozinha e dona de si. Ou ela é boa demais ou ela é chata demais pra alguém aturar. No fundo é que ela escuta tanto os próprios pensamentos que não deixa de fazer o que quer por depender dos outros.

Ela anda confiante mesmo sozinha para quem ver ela não pensar que é uma fracassada, mas não deixa de pensar que as pessoas que estão com outras pessoas juntas estão julgando o seu fracasso e o quão horrível ela deve ser.

Só que quando chega a noite, ela chora, escreve pra desabafar e não entende o porque não querem a sua companhia, não sabe porque a vida amorosa não sorri pro seu lado, nunca dá certo com ninguém por mais que tente e se esforce. Os amigos se afastam e são poucos que sobraram, dá pra contar nos dedos de uma mão só.

Não se deixe enganar, ela é cercada de amigos mas que só querem saber de sua vida quando estão por perto ou por algum interesse. A família é presente, mas julga seu jeito de ser, de falar e de fazer.

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Ingrid Souza
Entre Resenhas & Poemas

Quando não cabe mais no peito (seja por tristeza ou por alegria) eu escrevo pra desabafar. Jornalista e falo de livros/séries no @seriandocomlivros