Ingrid Souza
Entre Resenhas & Poemas
4 min readNov 30, 2020

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Crônicas de amores e (des)amores de uma jovem adulta em crise

Dezembro de 2018

Estou escrevendo pra Ingrid do passado, realizei um desejo da Ingrid de 13 anos, uma eu de quase 10 anos atrás. Ah eu tinha tantos sonhos, era muito mais sonhadora do que agora. Tinha autoestima super baixa e insegurança – não que não tenha isto agora, mas hoje em dia eu sei lidar, ou disfarçar melhor. Eu deixava de ficar com outros garotos porque sonhava com o primeiro beijo da pessoa amada e diferente das outras garotas que tinham vontade de beijar o garoto mais popular, lindo e inteligente da turma, eu sentia que a que mais amava ele era eu. Nós discutíamos muito, ele implicava comigo, me colocava pra baixo, mas éramos do mesmo grupo de amigos. Foi a primeira vez que me apaixonei de verdade eu tinha tanta raiva dele por amar alguém que não o correspondia e eu que poderia corresponder e estava ali esperando por ele, era simplesmente ignorada. Na vida geralmente é assim mesmo com altas ironias.

Eu sempre acreditei em destino, fiquei mais uns anos gostando dele, porém devido à distância e o tempo consegui esquecê-lo. Agradeço por ele ter sido minha inspiração por anos, um motivo pra escrever – Mesmo que ele não saiba e nunca vai saber. Eu esperei muito, mas meu primeiro beijo não foi com ele, não era pra ser, fui esquecendo tanto dele que agora ele é só mais um ex-colega que se afastou de todos com o passar dos anos. Vi ele algumas vezes em lugares como em uma festa e no ônibus, mas ele nem devia lembrar de quem eu sou. Eu mudei, posso não ser tão maravilhosa assim e muito menos bem sucedida, mas não sou mais aquela garota excluída, sem graça e estranha que esperava pelo príncipe encantado e levava desaforo pra casa. Meu cabelo está com aparência melhor, posso dizer que vivi bastante, passaram alguns garotos na minha vida – alguns que fizeram parte da minha história e tiveram importância, outros nem tanto. Me formei em um curso técnico, estou fazendo a faculdade dos meus sonhos, tenho experiências de trabalho que agregam meu currículo – raramente fico sem emprego, tenho bem poucos amigos, mas os que tenho são verdadeiros. Tenho alguns contras como ainda morar com os pais aos 22 anos e ser um fracasso na vida amorosa e financeira.

Até que no dia 21 de dezembro, uma sexta-feira, a minha amiga e ex colega de curso *Juliane, resolve me convidar pra ir em uma festa que ainda não tínhamos ido, porém não ficamos porque tinha pouca gente e como moramos em outra cidade precisávamos ficar em um lugar que fechasse no mínimo às 5 horas da manhã. Pegamos um Uber e fomos até um lugar conhecido e que sabemos que não fecha cedo. Quando estava lá, avistei de longe o “garoto que eu gostava na sétima série “ chamei ele assim pra explicar pra minha amiga. Como tenho ele no meu Facebook e vi ele há poucos meses ou talvez 1 ano atrás, eu sabia como estava a sua aparência. Impossível não reconhecer aqueles olhos verdes em um garoto de óculos que agora é um homem. Não criei nenhuma expectativa em ficar com ele – não que seria ruim, mas talvez fosse estranho. Até que mais tarde, o amigo dele e ele se aproximam e puxam uma conversa comigo e a Ju, ela não dá muito assunto mas eu entro na conversa deles. *Ricardo vai para o canto porque seu amigo parece interessado em Ju na qual não corresponde. Eu sem saber o que fazer digo que conheço ele, pergunto se lembra de mim e o mesmo nega. Depois, me dá seu celular para anotar o meu WhatsApp, mal consegue se comunicar acredito que seja por causa da bebida. Em seguida me pergunta se pode me dar um beijo e eu correspondo. Foram dois longos beijos e depois nos desencontramos. Tudo que eu pensei era nossa, não pode tá acontecendo isso, “esperei” por quase 10 anos. Não pude perder a oportunidade de realizar meu sonho de adolescência e ainda bem que ele não me decepcionou, pois beijava muito bem.

Eu acredito em destino, aquilo não era pra ter acontecido no passado, mas aconteceu no futuro que agora é o presente. Talvez ele lembrasse de mim, tenho dúvidas que achei melhor não perguntar no dia seguinte. Com isso, eu sinto e cheguei a uma quase conclusão de que posso qualquer coisa, sou capaz de tudo nem que leve anos pra ocorrer. Não posso desistir de nada, por mais que leve tempo um dia pode se realizar. Ainda tenho capacidade de suprir meus sonhos de adolescência e nunca duvide de uma pisciana.

*Os nomes foram trocados por nomes fictícios, mas a história é real.

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Ingrid Souza
Entre Resenhas & Poemas

Quando não cabe mais no peito (seja por tristeza ou por alegria) eu escrevo pra desabafar. Jornalista e falo de livros/séries no @seriandocomlivros