Resenha Anne With an “E” | Uma análise das três temporadas

Ingrid Souza
Entre Resenhas & Poemas
5 min readJan 8, 2020

*Não contêm spoilers*

A série que surgiu em 2017 na Netflix é inspirada no livro “Anne of Green Gables”, da autora Lucy Maud Montgomery (1908) a história se passa na cidade do interior, Green Gables. Impossível não se encantar com a doce Anne já nos primeiros episódios, uma menina falante, inteligente e que tem como maior sonho sair do orfanato e ser adotada. Anne gosta de ler e criar histórias, dá valor pelas coisas mais simples da vida que nos passam despercebidas. Ela que tem 13 anos, ficou órfã aos 3 meses de idade e durante a infância viveu de orfanato em orfanato, passando por situações difíceis e sofrendo muito. Mas ela nunca desanimou e com a imaginação, usava a leitura para se distrair.

Os irmãos Marilla e Matthew que resolvem adotar uma criança, na verdade queriam um menino para ajudar nos afazeres. Na viagem até o local, Anne está super empolgada e sem acreditar que finalmente terá uma família. Quando ela chega na fazenda, eles ficam decepcionados pelo motivo de não querer uma menina, mas com o tempo e a persistência de Anne dizendo que poderia fazer qualquer coisa que um menino faz, Matthew acaba se encantando e Marilla leva um tempo até que as duas acabam se tornando amigas.

Ao ir para a escola, Anne não é aceita por seus colegas e praticam bullying com ela. Pelos motivos de ser órfã, adotada, por ser ruiva e diferente. Mas ainda assim ela faz uma melhor amiga: a Dianna, uma menina que todos gostam, ela é a filha perfeita e obediente para a sua mãe. As duas se tornam inseparáveis, é lindo de ver a amizade das duas. Outro amigo de Anne é o Gilbert, que se torna órfão e é o aluno mais inteligente da sala.

Amybeth parece que nasceu para a personagem. Ela passa emoção e vontade em fazer a Anne. O cenário da série que é o campo traz toda a sua beleza da natureza, a fotografia é incrível, a composição das trilhas sonoras com as cenas, todo o conjunto deu um excelente resultado. Tem um equilíbrio na série com momentos de tristeza e alegria. Um misto de sentimentos. Nesta temporada tem temas como: menstruação, direitos de igualdade e bullying.

Anne odeia o seu cabelo, suas sardas por achar diferente e menos comum das outras meninas. Podemos ver nas duas temporadas, inclusive na segunda onde ela ao tentar deixar o cabelo de outra cor o resultado dá errado e acaba ficando verde, após ela decide cortar o cabelo bem curto. O amor é mais retratado na segunda temporada. Seus colegas já sabem quem ela é e passa a ser aceita. Há novos personagem que mostram a diferença e estão fora do padrão. Entre eles estão: Sebastian, rapaz negro amigo de Gilbert. Paul é um garoto com características que não são consideradas “comuns” em outros garotos. A professora Miss Stacy que veste calças e impressiona as meninas que na época só usavam vestido.

Agora na terceira temporada ao completar 16 anos, Anne quer saber a sua origem, quem foram os seus pais. Seus pais adotivos ficam aflitos e com medo, mas deixam Anne seguir a sua vontade e ela vai até o orfanato onde passou a sua infância e se depara com situações precárias e se decepciona, pois não consegue nenhuma prova e documentação sobre seus pais biológicos. Mas tudo pode mudar ao decorrer dos episódios. Sem perder a essência das temporadas anteriores, traz novamente temas como racismo quando Mary, esposa de Sebastian, é chamada de “mulher de cor”, o preconceito com os índios e como são tratados. Fala de consentimento e do por que sempre a mulher é culpada e o homem não. Retrata a sociedade machista que não escuta as mulheres dizendo que elas são erradas e acabam com a sua reputação dizendo que não servem para casar. Ocorre uma situação em que pais preferem que a filha case do que estude. Felizmente, as meninas estão bem unidas e o feminismo está ainda mais presente nesta temporada.

A paixão de Anne e Gilbert ganha mais destaque, ela tenta descobrir mesmo todo o sentimento que tem por ele. Anne sempre gostou de fazer o bem, nessa temporada não foi diferente e mesmo assim, há uma situação em que acabam enxergando de outra forma, a interpretam errado e acaba atrapalhando ainda mais. Surgem novos personagens como o filho de Mary, mostra o acolhimento da cidade com pessoas negras. Gilbert ganha mais destaque nesta temporada. Seu sonho é ser médico e acaba aprendendo melhor a medicina com um profissional e nisso conhece uma menina mais velha. Os dois começam a sair e ele fica com o coração dividido entre a moça e Anne.

É emocionante e melancólico a forma que tratam a partida de alguém, a morte. Apesar da tristeza, logo nos primeiros episódios, temos uma cena linda. No episódio 6, que os personagens vão ao circo, há bastante interação entre eles, é bem divertido. É mostrado bastante as paixões do primeiro amor, já que os personagens são adolescentes.

Foi muito bem retratado as decisões do processo de sair da escola e começar a fase adulta indo para a faculdade. Impossível terminar e conter as lágrimas, é emocionante do início ao fim. Apesar de o final ter ficado completo e perfeito a gente termina com um gosto de “quero mais” Netflix anunciou que a terceira temporada é a última.

Pontos positivos: a série não perdeu a qualidade nem na última temporada. É até difícil de escolher qual temporada é a melhor. Mas uma completa a outra, já que vemos o amadurecimento e crescimento de todos. A trilha sonora combina muito com o ambiente da série, a fotografia é linda, sem palavras.

Pontos negativos: o cancelamento da Netflix. Esperamos que através da persistência dos fãs seja renovada. Com isso, alguns personagens ficaram com um final sem solução e em aberto. Queremos saber o que houve com um querido casal e o que aconteceu com uma nova personagem que conquistou a todos.

Minha nota: 10

Número de episódios:

Temporada 1: 7 episódios

Temporada 2: 10 episódios

Temporada 3: 10 episódios

Média de cada episódio: 45 minutos

Onde assistir: Netflix

Se gostou deixe aqui embaixo os seus aplausos – eles vão de um a 50.

--

--

Ingrid Souza
Entre Resenhas & Poemas

Quando não cabe mais no peito (seja por tristeza ou por alegria) eu escrevo pra desabafar. Jornalista e falo de livros/séries no @seriandocomlivros