Resenha Literária: “A Segunda Aurora” – Juliano Righetto

Só tenho a agradecer ao Juliano Righetto por ter me dado a oportunidade de conhecer a sua história. (Inclusive acompanhem ele aqui no Medium seus textos são ótimos). Fiquei feliz em ler um livro do meu gênero preferido (ficção científica) de um escritor brasileiro. Ao ver o número de páginas imaginei que levaria meses para terminá-lo, mas a história é tão envolvente que a cada capítulo surge um personagem novo e novas descobertas, então terminei o livro o mais rápido possível, pois não conseguia largar ele.

A história se passa em um futuro aqui no Brasil, onde tudo foi regredido ao acontecer uma tragédia, o que sabemos desde o início da história é que um incêndio destruiu Brasília que era próxima da cidade que se passa a história e as pessoas temem por acontecer isso novamente. Então todas as casas são construídas debaixo da terra. As casas subterrâneas haviam duas entradas de ar: a porta e a chaminé. Também há o estrelatário, local onde os personagens vão até a supercífie olhar as estrelas.

A primeira personagem apresentada que é uma das protagonistas é a adolescente Tine, uma garota de 13 anos, com cabelos longos pretos, inteligente e curiosa. Ao decorrer da história vemos a sua evolução e vontade de aprender. Rubiza é a sua rival e Ário o seu primo que é apaixonado por ela, os dois estão sempre juntos até que um dia passeando na mata, avistam um ser que acreditam ser um animal um pouco diferenciado já que ele acende uma luz pelos olhos, os dois ficam com medo, porém voltam outras vezes para descobrir o que ele é. Ao contar para a jovem Deati a historiadora da cidade – que é semelhante a uma professora, a mesma acredita nos adolescentes e começa a busca por saber quem é o animal estranho. Até que ao se aproximar, percebem que é um homem de estatura alta (normal no caso) ao acontecer o acidente os sobreviventes daquela região eram somente pessoas de estatura baixa. Também há na história o Lemaro que é primo de Tine e o melhor caçador da cidade, onde há uma tradição de matar os dampos, que são ursos e o caçador ganhador pode escolher com qual mulher pode se casar e pode se casar com mais de uma – A próxima esposa Lemaro deseja que seja Deati.

Voltando ao homem estranho, ao conversarem com ele descobrem que seu nome é Heitor e que morava em São Paulo que foi destruída e depois surgem outras pessoas semelhantes a ele na cidade que são: Charlie, Caroline, Rushid e Yuankai. Eles são definidos como astronautas pelos moradores por usarem um traje semelhante. Caroline, uma moça loira, alta, engraçada ao usar palavras em inglês como “bestie”, “bitch”, é médica e tem dois namorados: Rushid que é um homem negro e alto e Yuankai que é asiático, além dos costumes diferentes e tecnologias como o uso do dream, semelhante ao celular, um aparelho que faz enxergarem no escuro, onde “acendem os olhos” — tecnologias usadas na época em que estavam, eles fizeram parte de uma tripulação na Aurora. O motivo de irem atrás de uma pequena população é sobreviverem, mas ao chegar no local se deparam com uma doença até então desconhecida que mata a maioria dos recém-nascidos.

O povo do local que apesar de ser o futuro regrediram, com costumes ultrapassados e crenças em deuses como Leandra Salvadora, temem ao Trovão que acreditam ser o causador de tudo, há termos como areia luminosa, uma comida chamada pó de croqui-croqui, os anos são chamados de céus, os personagens não conhecem outras cidades, entre outras coisas. Além de acharem que a morte dos bebês é algo natural, devido a escolha de uma deusa chamada Sita. Apesar de algumas palavras desconhecidas, tudo é muito bem explicado pelo autor. Eles podem ser comparados com muitos religiosos nos dias atuais, ainda mais no momento que estamos vivendo em uma pandemia onde muitos são ignorantes e acreditam em notícias falsas. E de outro lado pessoas modernas, mas mesmo com todo o conhecimento e tecnologia precisam se adaptar ao novo estilo de vida e ao mesmo tempo contribuíram muito inclusive pra salvar a vida de recém-nascidos. Por esse motivo Rushid, Lemaro, Deati e Heitor (os dois últimos se apaixonam e se tornam um casal) se unem para uma missão ao longo do Brasil e de outros países atrás de vitamina C — elemento necessário para a sobrevivência dos bebês e também de outros elementos que não haviam na região em que estavam.

Com uma escrita inteligente, Juliano pensou em um mundo totalmente diferente do que estamos vivendo e que se algo acontecesse no nosso planeta seria algo provável de acontecer. Tudo foi muito bem pensado: tem ficção científica, ciência, fala sobre os costumes da sociedade.

Pontos positivos para o humor em algumas cenas, surgem amizades improváveis e divertidas dos “astronautas” adultos com as crianças. Alguns personagens são mostradas as características no início e outros ao decorrer da história o que ajuda a imaginar como os personagens são. Os mais jovens como o líder da cidade, João Pedro e as crianças aceitam melhor as outras pessoas diferentes. Os mais velhos como a médica da cidade, com práticas espirituais, Veizar que viveram mais tempo daquela forma com as suas crenças não aceitam mudanças e novas pessoas no local. Gostei bastante do final e da mensagem que o autor quis passar que a união, seguir os objetivos e fazer o bem ao próximo são elementos necessários para alcançar a felicidade.

• Autor: Juliano Righetto
• Número de páginas: 632
• Editora : Chiado Editora
• Ano: 2019