Brisa

Yuri Silva
Entretantos incertos
1 min readFeb 15, 2024
Foto de Mat Brown no Pexels

Perdi você como uma brisa.
Não te vi ser arrancado de mim como numa tempestade avassaladora, que gera catástrofes e desabriga corações. Perdi você grão por grão, como uma duna que cede às forças gentis de uma natureza caótica.
Quando comecei a deixá-lo ir? Naquela ligação que preferi declinar? No ciúme que me neguei a demonstrar? Na viagem em que preferi curtir a minha própria solitude? Onde as dunas estiveram na primeira vez? Nunca saberei.
Perdi você como uma brisa, não tive tempo de vê-lo se afastar, até que o busquei e nossa distância era quilométrica. Até que vi você fazendo lar em outro litoral, beijado pelas ondas envolventes de outro mar.
Perdi você como uma brisa, forte o bastante para carregá-lo, fraca demais para me fazer segurá-lo.
Perdi você como uma brisa, e é essa brisa que escuto na minha própria solidão, levando-me para um outro lugar, lentamente até o olho de um furacão.
Perdi você como uma brisa, e agora estou envolto em meus ventos caóticos, confusos, apocalípticos. Perdi, e nunca mais segurarei tuas mãos, para puxá-lo para mim e jamais deixá-lo ir.
Como poderia ter instalado uma biruta no meu coração?

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