Eu planta,

Yuri Silva
Entretantos incertos
1 min readJun 3, 2020
Foto de Egor Kamelev no Pexels

Eu planta; tu, ave
Eu preso; tu, livre
Eu sempre; tu, hoje
Tu breve; e eu, vida.

Visita-me, eu aceito
Errante, o pousar
Apoio em meus braços
Faço-me teu lar.

Tu vens, e me cantas
Após, o silêncio.
Não duram minhas flores:
Teu destino é o vento.

Tuas rimas e tons
Encantam, e se vão
E eu cresço, e floresço
Mais fixo ao chão.

Abraça-me, e some
E eu fico a esperar.
Eu, caule contido
Tu sempre a voar.

Se quero? Quem sabe?
Só sei que aceito
Teus pousos, incertos
E o amor, rarefeito.

Eu, planta; Tu, ave
Tu foge, eu resisto.
Teus beijos, efêmeros
E eu, lar infinito.

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