Quem escreve e porque

Yuri Silva
Entretantos incertos
2 min readFeb 14, 2020
(Arquivo pessoal)

Cecília elucida que canta “porque o instante existe”; Pessoa já conversa sobre ser um fingidor, fingindo que a dor que sente é uma mentira inventada por um eu lírico tão sentimental ao ponto de parecer ultrarromântico.

Tantas definições e porquês, que realmente não consigo descrever de forma clara o motivo de estar aqui, nesta plataforma e neste universo: De usar das palavras como forma de externar meus desafios interiores e tentar tirar deles o mínimo de poesia — “A tristeza parece poesia”, segundo O Teatro Mágico.

Escrevo desde que me entendo por gente, escrevo desde antes de aprender a ler, as histórias que criava e continuo criando na minha cabeça conturbada em momentos de silêncio externo. Após aprender a decifrar e organizar os símbolos do alfabeto, os livros tornaram-se companheiros de jornada: O clichê de afirmar que viajei sem sair de casa, que protagonizei inúmeras estórias que nunca foram, de fato, minhas.

Crescer lendo não me impediu de conhecer a crueldade do mundo: Desfrutei de abusos, confusões, dilemas e todas as coisas que o combo de envelhecer permite — alguns mais recheados de crueldade que outros, claro: uma carne a mais de desilusão, por favor. Escrever, todavia, sempre foi a forma de resistir às tribulações, e de, se me permitem a positividade forçada, agradecer às dádivas que um deus acima de mim permitiu, só pra dar uma variada, claro.

Entre textos, e blogs, e textos, e livros, passando por plataformas distintas, estou aqui: Não sei até quando durará a existência desta conta — e desta vida. Tampouco, espero que estes tenham uma trajetória longa ou próspera: Coloco-me à disposição do acaso, uma folha em branco que se permite ser lida e escrita, embora isso pareça um clichê sem valor, numa crônica de mesma valia.

A quem leu este texto, que pouco explica, e talvez, desconverse: Meu agradecimento aos que não se recusaram a conhecer a confusão que escrevo em caracteres quase contados, em palavras quase que economizadas a fim de soar menos chato, e mais poeta. Um fim não me é permitido, ainda não, deixo, portanto, minhas reticências e espero encontrá-los do outro lado de meus três pontos.

Até uma crônica qualquer.

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